tag:blogger.com,1999:blog-42156857725733911262024-03-01T05:40:21.931+00:00Livre SolitárioAquilo que eu sou.Unknownnoreply@blogger.comBlogger141125tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-91311068080584459502021-09-06T22:56:00.001+01:002021-09-06T22:58:52.456+01:00O vazio da noite<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIUD5lATsHgOb9SnOOjYyMOSsmHMwamalctZiHdDgDA1Yxn2_8XgLgr5hLEDpZxQoEIYGaNmy6ghP7nzZWIvuXy0dz6ge3AfxVoXDBqp5C0T9YLe716ARUSpvEt0pmdNCfy2m7vgYmDCY/s750/1219274.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="563" data-original-width="750" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIUD5lATsHgOb9SnOOjYyMOSsmHMwamalctZiHdDgDA1Yxn2_8XgLgr5hLEDpZxQoEIYGaNmy6ghP7nzZWIvuXy0dz6ge3AfxVoXDBqp5C0T9YLe716ARUSpvEt0pmdNCfy2m7vgYmDCY/s320/1219274.jpg" width="320" /></a></div>A noite trouxe a brisa de outros tempos, os odores e sabores que se haviam perdido com o passar dos dias. <p></p><p> A pele fria, de um verão que deixa saudades a cada amanhecer nublado e húmido, fará rotina em dias cada vez mais cinzentos e vazios de noites longas de solidão. Porém, esta noite, será esta brisa, que leva a mente para longe, que deixa o corpo dormente desejoso de mais vazio, a preencher a lembrança de outrora. Os risos, os gestos, os toques e a azáfama desenfreada de não ter onde ir.</p><p> Tão sublime quanto o silêncio, os odores da noite invadem a alma transportando-a para onde o tempo não tem tempo para existir, onde a memoria gela o momento efêmero do que fui. Sem correrias, sem pressas ou vagares, apenas o tempo no seu manto gélido lembrando que outrora fui tudo o que desejei sem a necessidade de ser.</p><p> O frenesim de sabores, doces e amargos, que degusto com a vontade de quem devora os momentos alheios a tudo e perdidos no passado, como que revividos sem consentimento da saudade. </p><p> Esta noite, esta brisa, esta vontade de vazio que devora a saudade na procura de tudo.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><p></p>Márcio Capitãohttp://www.blogger.com/profile/15048115534053496074noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-62034741047073002322016-05-18T22:40:00.002+01:002016-05-18T22:40:44.902+01:00Viagem Por vezes, sinto uma enorme vontade de escrever, desabafar, dramatizar, ser eu em estado bruto e por lapidar. Deixar caneta ficar solta nos dedos e permitir que o coração e a alma partilhem as suas divergências numa só folha.<br />
A tinta da caneta vai ficando marcada folha fora, traço após traço, um ponto e uma virgula, mais um rabisco e um circulo em volta do vazio. No canto superior direito mal se distingue a cor branca do papel, no seu lugar um enorme aglomerado de riscos alinhados, estrategicamente, apoderam-se de um pedaço de nada, como se isso lhes servisse de motivo de existirem.<br />
Aos poucos vou dando asas a alma e recatando um pouco mais o coração, talvez a folha em branco se consiga preencher um pouco mais. O braço acaba de adormecer, não o que suporta a mão e a caneta, mas sim o que me vai suportando a cabeça prestes a cair sobre o tampo da secretária. Quanto a mão que vai arrastando a sua caneta, bem, essa preenche a folha em branco com uma espécie de desenho, ou talvez uma pintura.<br />
Acho que perdi a vontade de escrever, o que quer que seja. As palavras não colaboram, a folha está cheia de rabiscos, algumas palavras soltas que se foram alinhando por entre pensamentos.<br />
Quando as coisas não correm como quero, tento descobrir a razão de isso acontecer e hoje cheguei a conclusão de que pensar em ti com uma caneta na mão e uma folha em branco não me leva ás palavras, leva-me numa viagem bem distante disto!Márcio Capitãohttp://www.blogger.com/profile/15048115534053496074noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-74481379676998431572016-01-05T23:16:00.000+00:002016-01-05T23:16:21.688+00:00Vem ser de mim<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgskrxJ-4XBbUo7DAYdTkJ8m5db6ZTBDjqpiO7t8wzj16LbosiFa51GH3zmH_YhyPd3ICA31GOM_TFrgKJm2k1S90Izt8KHiP_ovUN0JMpj9H42JLEzgBWaUzQ8iUDi1uN_oXyzLGmHn2Y/s1600/vem+ser+de+mim.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="178" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgskrxJ-4XBbUo7DAYdTkJ8m5db6ZTBDjqpiO7t8wzj16LbosiFa51GH3zmH_YhyPd3ICA31GOM_TFrgKJm2k1S90Izt8KHiP_ovUN0JMpj9H42JLEzgBWaUzQ8iUDi1uN_oXyzLGmHn2Y/s320/vem+ser+de+mim.jpg" width="320" /></a></div>
O escuro de nós os dois, aquele breve espaço que separa quem nunca fomos e não chegaremos a ser, aquele silencio que tantas vezes pronunciamos com medo do nossa própria solidão, esse escuro que nos persegue na luz do dia. Não te pediria que me viesses ver se não fosse esse o teu desejo, não aguardaria por ti se não fosse essa a minha razão. <br />
Hoje, só hoje, vem ser de mim, vem tomar os meus sentimentos como se fossem teus, veste as minhas roupas e tenta manter o sorriso que trago. Larga tudo, deixa o teu mundo e vê o meu, respira a falsidade que me chega dos seres usurpadores de sentimentos, aprende a ser melhor do que eu, ensina-me a ser igual a ti.<br />
Despenteia o teu cabelo, puxa-me ao fundo de nós com essas tuas mãos delicadas e suaves, dá-me aquele teu sorriso repleto de magia, olha-me nos olhos e diz-me o que vês. Também eu achei possível ser eu, moldar-me a ti, tornar pedaços de mim em restos de ti e acredita que os vi, senti como se fossem perfeitos em nós. Depois, chegas tu com esse teu olhar, com esses olhos ridiculamente perfeitos capazes de envergonhar tudo em mim, capazes de me fazer renascer e voltar a ser a criança que vês. Como eu odeio essa tua perfeição angelical que me faz suster a respiração, me tira o sono e me acelera o coração.<br />
Vem ser de mim uma vez só, vem olhar-te, e diz-me se é impossível não me apaixonar por ti.Márcio Capitãohttp://www.blogger.com/profile/15048115534053496074noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-43578164613934134362015-08-10T22:24:00.000+01:002015-08-10T22:24:17.238+01:00Corações de Papel<a href="http://4.bp.blogspot.com/-d9psAarWcrU/VckWUMsuccI/AAAAAAAAAZQ/7B5iU6HuiCI/s1600/coracoes-papel.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-d9psAarWcrU/VckWUMsuccI/AAAAAAAAAZQ/7B5iU6HuiCI/s320/coracoes-papel.jpg" width="285" /></a> No teu sorriso perdi as palavras, desenhei os meus sonhos e encontrei o brilho do meu olhar. Tantas vezes percorri o teu sorriso na cor dos teus lábios, na sua forma graciosa de me beijar a alma.<br />
Quantas vezes teria de te dizer o quanto morri por ver o teu sorriso? Quantos passos troquei no meu caminhar para tentar chegar até ti? Tanto quanto o sentimento, deslumbrei um sonho que me fez sentir-te em mim. Talvez tenha procurado o teu olhar, o teu sorriso, o teu jeito, por palavras vazias que o tempo me trouxe, invadindo-me a alma e afastando-me para longe do que um dia fui em ti, ou terás sido tu em mim? Estas palavras que me trocam o sentimento por banalidades que o comum mortal sente e que apenas eu sinto ao ver-te, como sendo o meu maior dilema, a minha maior certeza de que nem tudo te disse, nem tudo te senti. Vi-nos rodeados de tudo, de nada, da nossa distância e do nosso carinho, tão afectuoso quanto quente, tão apaixonado quanto desligado. Reguei em mim palavras que nos levaram a florescer, que me levaram a cobrir os teus e meus sonhos de flores de jasmim. Do nosso jardim colhemos tantos versos, tantos brindes de copo meio cheio, olhares e cumplicidades que tão bem conhecemos e que nos acompanham a cada sorriso.<br />
O teu rosto belo, meigo, doce, de sorriso angelical, num corpo de mulher atrevida, sedutora, serena de certezas a concretizar. Os teus passos tão firmes, o teu caminhar tão repleto de ti sem deixares espaço para mais ninguém. Desajeitas-me a alma Sorriso de Anjo, inquietas o meu mais profundo vazio na tentativa de preencher tudo aquilo que entre nós existe.<br />
As palavras, que de nada valem, os sonhos e desejos, que nos entorpeçam o jeito de amar, tornando-nos desajeitados, inocentes, de coração de papel.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-84538860388128894112015-06-14T22:46:00.001+01:002015-06-14T22:46:09.101+01:00Sorriso, o teu<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikHhnmrYh7gnWaOCtLqjUfsa_-KtZKaEp93dmUflcmb7MNrzD2GXHzkHQku67zrjLu9zA7A4Gro5bZ_me9YBtW7Rsh_6ycbFzzbPvRzHYIEqBzoFRNmbCnUJ66P2_jGp3XHxm6gtqL1kk/s1600/sorriso.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikHhnmrYh7gnWaOCtLqjUfsa_-KtZKaEp93dmUflcmb7MNrzD2GXHzkHQku67zrjLu9zA7A4Gro5bZ_me9YBtW7Rsh_6ycbFzzbPvRzHYIEqBzoFRNmbCnUJ66P2_jGp3XHxm6gtqL1kk/s320/sorriso.jpg" width="320" /></a></div>
Procuro a definição do teu sorriso, talvez a definição que não existe, a definição que julguei simples de encontrar. Como um poema, que se escreve sem se conhecer a história ou o sentimento, assim eu tento definir o teu sorriso.<div>
Não conhecendo o teu sorriso, a sua origem e o seu passado, apenas me delicio a olha-lo de longe. Tento não te olhar directamente, ficaria chateado se te envergonhasses ao me ver olhando para ti e que deixasses de sorrir. Porém, ver-te sorrir feliz também me faz feliz. Contagiante, será a primeira palavra que utilizo para definir o teu sorriso, mas prometo tentar encontrar, tantas quantas possíveis, palavras que reflictam o teu sorriso mesmo que não o possa ver ou tocar.</div>
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A forma como sorris, não a tua gargalhada, o contorno dos teus lábios. Tanta ternura, tanta doçura quanta possa ser negada a quem dela não partilhe. O rosado de uma pétala perfeita que o sol ilumina. Florido. Sim, o teu sorriso pode ser chamado de florido, levando a memória para as mais bela flores de qualquer jardim perfeito e invulgar, onde nada mais existe que o teu sorriso.</div>
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Temo não chegar ao teu sorriso, a essência do teu sorriso, o verdadeiro motivo que aqui me trouxe e que aqui me fez sonhar por o voltar a ver, a comungar do seu contágio, da sua alegria que floresce a cada olhar doce que de ti vem. Talvez não seja eu o destino do teu sorriso, talvez por isso não o consiga definir. Pudesse eu pegar no teu sorriso e torna-lo meu enquanto um poema é escrito e vivido, vezes sem conta.</div>
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Por enquanto ficarei a olhar-te de longe, vendo o teu sorriso.</div>
Márcio Capitãohttp://www.blogger.com/profile/15048115534053496074noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-13501700021675467282014-10-22T22:18:00.001+01:002014-10-22T22:18:21.192+01:00No fim de nós<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-eYLF7sGUunE/VEgfBeKhllI/AAAAAAAAAYo/wGH1V0vPl2g/s1600/Schiele-abbraccio.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-eYLF7sGUunE/VEgfBeKhllI/AAAAAAAAAYo/wGH1V0vPl2g/s1600/Schiele-abbraccio.jpg" height="191" width="320" /></a></div>
Longe vai o dia em que corríamos, desesperadamente, para longe daqui, onde pudéssemos ser nós, onde nada seria mais do que eu e tu, estivéssemos a sós que o tempo se encarregaria por si só de desaparecer para não mais nos parar.<div>
O luar está calmo, o céu escuro e carregado de saudade parece abraçar as almas que o tempo trás de amores perdidos e desencontrados. O corpo, que no seu colo carrega o corpo de alguém, sente o calor de uns braços trémulos fugindo peito abaixo. Um corpo, o meu, deixando o teu desistir de mim, abandonando o nós que aqui viveu.</div>
<div>
Frio que incendeia o corpo adormecido, em meus braços vejo o pedaço de ti que o tempo não levou. Rosto pálido, perfume sem odor e um sorriso que se perdeu num adeus que não se pronunciou. Impávido olho o teu cabelo, perfeitamente, desalinhado, uma ultima caricia, um ultimo toque nos teus lábios enrugados e frios. Secreto fica o desejo de te voltar a ter, de te dar vida em mim.</div>
<div>
Sem ti, abandono os corpos inexistentes naquele local escuro onde o vento não sopra, onde o luar ilumina os teus olhos sem brilho. Naquele mesmo local, enterro o que resta de nós, todas as memórias, todas as imagens que o tempo segurou em mim, desfaço os sonhos e os desejos, carrego a mente de pedras que pisei e arrastei, levo a metade que nunca viveu em nós.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-25656476351206888062014-10-21T21:58:00.002+01:002014-10-21T21:58:53.319+01:00Porquê eu?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-CKdCQj07y84/VEbI9F-WniI/AAAAAAAAAYY/atB9DRij1GA/s1600/tumblr_ljtix59QdF1qgt0lfo1_500.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-CKdCQj07y84/VEbI9F-WniI/AAAAAAAAAYY/atB9DRij1GA/s1600/tumblr_ljtix59QdF1qgt0lfo1_500.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
Foi sem querer ir que te levei nos sonhos que tinha de mim e de ti, sem pedir que te interrompi na tua vida de sossego, vasculhando cada sentimento adormecido, colhendo as flores da Primavera esquecida no teu coração.<br />
Foi por entre os dedos, que deixei um beijo levar-me aos teus lábios, onde percorri cada textura da tua boca e me perdi na doçura dos teus beijos. Cada traço do teu rosto acariciado pelo toque sedento de ti, do teu ser, da suavidade da tua pele, pelo carinho dos teus olhos.<br />
Foi sem jeito que ganhei coragem de te desejar só para mim, sem jeito de ser que te olhei e me vi feliz. E tu, no teu jeito de ser me perguntas, porquê eu?<br />
Foi por amor.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-37961394316834422962014-09-25T22:42:00.001+01:002014-09-25T22:42:52.279+01:00Volta<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-ifndFGPCzuc/VCSMOeJRvmI/AAAAAAAAAYI/3V0Qm-sVY3c/s1600/tumblr_ks26vflTUc1qzyrwvo1_500.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-ifndFGPCzuc/VCSMOeJRvmI/AAAAAAAAAYI/3V0Qm-sVY3c/s1600/tumblr_ks26vflTUc1qzyrwvo1_500.jpg" height="227" width="320" /></a></div>
Tento reavivar a memória e luto para lembrar onde te deixei, onde ficamos, no porquê de termos deixado o tempo passar sem o acompanharmos. Questiono-me porque não corremos atrás um do outro, porque não te abracei uma ultima vez, mais forte que a ultima, mais intensa que a primeira.<div>
Hoje perdi os passos de uma caminhada segura, deixei que as pernas adormecessem ao som da tua imagem, vagueassem por entre sonhos e pensamentos, que haviam ficado guardados nas entranhas de um trilho difícil de percorrer.</div>
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Desejo o teu regresso, sentir o que senti quando te vi pela primeira vez, segurar na tua mão junto ao meu peito, tocar os teus lábios e matar as saudades da tua pele.</div>
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...</div>
<div>
Quero tanto que voltes, volta com a força de uma brisa matinal, traz-me de volta o tempo que não vivi ao teu lado, e, se preciso for, espera, espera que seja o tempo a retirar-nos um do outro. </div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-18292860963033537462014-07-15T20:54:00.001+01:002014-07-15T20:54:09.363+01:00Tudo sobre Nada<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-BY-yDpR6-pA/U8WG0UWd0aI/AAAAAAAAAX0/HMh-GBO7c1A/s1600/nothing1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-BY-yDpR6-pA/U8WG0UWd0aI/AAAAAAAAAX0/HMh-GBO7c1A/s1600/nothing1.jpg" height="139" width="320" /></a></div>
A dúvida sobre o que é ou a quem pertence, a certeza do desconhecido que prende ao Nada quando nada está presente, talvez seja apenas eu, talvez seja de mim e de idiotas como eu.<br />
Quando Nada foi feito, nada haveria que fazer ou julgar o estar feito, apenas se diz que Nada foi feito enquanto tudo se arrasta para não haver mais Nada. Fácil, desmistificar a definição de Nada se fosse possivel associar cada definição pessoal a algo que nada vale. De opiniões, e certezas próprias, que nada contam, resume-se tanta coisa ao Nada que hoje se vive e se partilha.<br />
Quando não apetece fazer Nada, sentir Nada, desejar Nada, pressupomos que algo será exagerado para que seja feito, realizado, sonhado, mas no fundo estaremos a espera de algo que não caiba no mundo, de algo que Tudo seria insignificante ao lado do Nada que nos aparece.<br />
Como um carrossel vazio de Tudo e Nada, onde se luta por algo que não existe, se espera por algo que não vem e nos leva de volta ao início, passando pelo mundo vazio que nos acolhe sem Nada para nos dar e com Tudo que nos pode negar.<br />
Quis dizer Nada...Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-4732171312773895562014-04-22T21:31:00.000+01:002014-04-22T21:34:27.456+01:00Sombras na noite escura<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-3qhVQVUJRQc/U1bA3w2Ph4I/AAAAAAAAAXc/S9osdp_nl-4/s1600/sombras_3%5B1%5D.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-3qhVQVUJRQc/U1bA3w2Ph4I/AAAAAAAAAXc/S9osdp_nl-4/s1600/sombras_3%5B1%5D.jpg" /></a></div>
Mal vejo onde os pés assentam, mas sinto o teu respirar, consigo seguir na tua direcção, chegar a ti, tocar-te ao de leve. O teu rosto, imaginado em cada pormenor teu, feito por luzes que não existem e que as mãos descobrem, consigo ver-te, assim como as sombras que tu trazes contigo.<br />
Não fora a noite tão escura e o mar corresse, livremente, rio acima e poderia julgar que te tinha visto num outro local, numa outra vida outrora habitada por mim. Vinco os pés aqui, onde o tempo parou, onde o som do silêncio nos embala e nos leva noite fora, aprecio o teu jeito de ser, as tuas formas tão bem delimitadas na minha mente. Houvessem gestos que se pudessem fazer sem se sentir e o meu corpo seria teu eternamente, tão eterno fosse o sonho.<br />
Os braços que se enrolam em ti, que te prendem e te puxam, percorrem o teu corpo deixando a alma prisioneira deles mesmos. As mãos cegam-te o olhar e impedem-te de ouvir, de sentir, de tentar querer. Limitas-te numa prisão que não é tua, deixas a tua mente ser levada noite dentro, sem perguntar o porquê. Glorificas o momento que te parece tão cómodo, tão repleto de tudo.<br />
Ouço-te chamar o meu nome, e respondo-te do longe do teu corpo. Talvez o mundo não pare, ainda, talvez o rio siga o seu rumo normal em direcção ao mar, mas o teu corpo estremece, e as mãos que te prendem, que te seguem, são as mãos das sombras que a noite escura te trás. Eu, continuo olhando para ti, imaginando o teu rosto, o teu corpo, o teu jeito de ser, longe de ti, longe das sombras que não trouxe comigo.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-27548062625639286622014-03-05T23:57:00.002+00:002014-03-05T23:58:47.244+00:00Incontornável melodia Já vivi mais do que o tempo pode viver. Outrora, desejei muito mais do que o que qualquer comum mortal poderia merecer. Invadi os sonhos de mim mesmo tentando viver, de uma só vez, tudo o que teria vivido se aqui não estivesse.<br />
Já te ouvi velho silêncio, nas ruas escuras de uma noite de amargura, fugi de ti como quem foge ao amor não desejado, virei a esquina por caminhos e ruelas onde te pude apunhalar de olhos fechados na esperança que me tivesse enganado no meu corpo. O turbilhão de ideias, desejos, preces a que prendi a minha mente, tentando matar qualquer réstia de existência que pudesse viver no meio de uma vida confusa, foi o meu ultimo refugio, a guarida que ansiei ser espinhosa de mais para que um corpo mortal pudesse suportar. Não fui quem serei um dia, e tão pouco quem agora desabafa por entre palavras, dolorosamente, arrancadas por uma mão que te matou velho silêncio!<br />
Tu, do meio do nada que me apareces e me mostras que uma vida vivida com tanto para contar, se resume apenas ao agora que não vivi. Morfina de uma morte anunciada ao som de sinos majestosos. Sepultura onde a minha mente descansava nos seus últimos momentos de lucidez descontrolada, e chegas tu para me arrancar das entranhas do meu mundo.<br />
Deveria agradecer-te por contrariares a rotação normal do meu mundo? Por me fazeres parar em frente a ti só porque sim? Não haverá vida em que te posso agradecer, não será por ser que tudo deixará de existir, mas será das tuas palavras em mim que o eco da minha voz percorrerá o teu mundo!<br />
Tu, que tão bem me fazes.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-85019586226650928312014-02-13T19:31:00.001+00:002014-02-13T19:31:22.156+00:00O tempo do tempoIgnóbil relógio! Preso no pulso apertando o coração com as tuas pontas soltas, hoje foste tu, apenas tu, a percorrer o tempo.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-69999239540482060722014-02-13T13:13:00.003+00:002014-02-13T13:13:46.780+00:00Solenemente frioLonge de mim, algures, assassino a minha existência solenemente. Sufoco a alma com as lágrimas que não choro ou chorarei, quisessem elas existir no exterior de mim. De erros repetidos, angustias por sarar, mutilo o ser que em mim existe, mesmo antes de eu querer que existisse. No reverso de quem sou habita quem todos vêm , quem eu não consigo infligir dor, amável cobarde de mão impunes. Mas a alma, existência em mim, essa posso ferir, mutilar, assassinar a meu belo gosto e prazer como, como uma cerimónia solene , repleta de adornos de de malvadez. E abandono, sem qualquer ressentimento, essa parte que faz parte de mim. Deixo-a nas suas ultimas angustias de perdição, por querer voltar a habitar um corpo que lhe cometa erros, que a transporte através dos sonhos incapazes de viver.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-2904804375230760222014-01-28T23:02:00.001+00:002014-01-28T23:02:52.240+00:00Perdendo o destino no caminho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-GfaE4T7bTTI/Uug28sZ9avI/AAAAAAAAAXI/neiv9JlFhtY/s1600/2696911ea85b28df3eaa79a11cffc347.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-GfaE4T7bTTI/Uug28sZ9avI/AAAAAAAAAXI/neiv9JlFhtY/s1600/2696911ea85b28df3eaa79a11cffc347.jpg" height="320" width="320" /></a></div>
Não sei quantos km percorri até aqui, perdi a conta das pessoas que vi e vivi, das pedras do caminho esqueci a cor, bafejei a sorte que tantos outros tinham como azar, rodei no chão molhado ao som da chuva que me embalou num silêncio sufocante, troquei os passos a quem comigo tentou caminhar, enraizei-me no cheiro do teu perfume e fiz dele a minha bússola, perdi o teu olhar e hoje sigo com a certeza de que me estou a perder no meu caminho.<div>
Sem rumo a seguir, entrei numa viagem onde a nada me poderia levar, sem expectativas, sem certezas, fiz as malas e meti-me a caminho. Pelo simples prazer de caminhar, de observar, sim, penso ter sido esse o verdadeiro motivo e razão do meu partir, caminhar para longe sem esperar encontrar-me em lado algum. Cansar o corpo e a mente, conseguir deitar a cabeça sem ter algo em que pensar, apenas um dia que merecesse o descanso. Ser livre de mim e de todos, ver sem ser observado, embriagar-me nas pessoas que comigo se cruzariam.</div>
<div>
Não foi propositado ter pisado o mesmo chão que tu percorreras momentos antes, não foi planeado ver o teu olhar e o teu sorriso, talvez o teu perfume me tenha levado a seguir os teus passos. Como quem procura o que não quer ser encontrado, assim eu te segui, sem perguntar o porquê, sem questionar até quando, somente, deixei-me levar pela suavidade e beleza do teu ser, desejando percorrer os teus passos todos os dias, beber do teu olhar o mundo que neles transbordava. Aos poucos, fui perdendo a noção de onde estava, o que ali fazia, para onde seguia.</div>
<div>
Perdi o teu caminhar, sem perceber onde me deixaste ficar, segui uma viagem que não desejei, ouvi o som de um sorriso que me abandonou e me guiou, encontrei os sentimentos que tão bem tinha guardado na casa de onde parti. Hoje sigo com o peso de um coração que não quero ter, sem bússola ou destino, sem conhecer o chão que me leva. Na noite escura, o corpo cansado e a alma desgasta apenas conseguem encontrar conforto na ilusão que em ti criei.</div>
Unknownnoreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-7242147993825912812013-12-20T01:08:00.000+00:002013-12-20T01:08:37.196+00:00Como uma árvore<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-LhVKPC52OO4/UrOYOXUW6BI/AAAAAAAAAW4/E3dDv0Gurso/s1600/allg%C3%A4u.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="236" src="http://1.bp.blogspot.com/-LhVKPC52OO4/UrOYOXUW6BI/AAAAAAAAAW4/E3dDv0Gurso/s320/allg%C3%A4u.jpg" width="320" /></a></div>
Seguindo as margens de um rio, percorro o trilho que os nossos corações tantas vezes desejaram, revivo momentos que outrora foram as nossas ilusões.<br />
Deixei o destino levar os nossos sonhos para um lugar distante de nós, escrevi a nossa história numa árvore para que nunca fosse apagada, selei-a com um beijo suave de quem parte. Ao som do vento que essa árvore me trouxe, todos os dias, cresci e aprendi a amar, mudei a cada folha que foi caindo, parte de mim se ia apagando e rejuvenescendo.<br />
No leito do rio encontrei a imagem de ti, reflectida tantas vezes, tantas quanta a vontade que tinha de te ter ao meu lado nesse instante. Da sua água saboreei o encanto e ternura que a vida me fez chegar de ti, enregelei as minhas mãos tentado prender-te em mim.<br />
Hoje, olho a mesma árvore, passados quarenta anos, e revejo a nossa história, a profundidade das palavras que lhe escrevi, as mudanças que o tempo lhe causou. Olho-te nos olhos e com uma caricia no teu rosto, envelhecido, peço-te que continues a ser a minha árvore.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-20830384720707400442013-11-28T23:23:00.002+00:002013-11-28T23:23:33.454+00:00Mendigo de sentimentos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-hT6GqBWhYto/UpfQPmcz1VI/AAAAAAAAAWo/XJPWyU5CDGk/s1600/banco-solitario-thumb.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="mendigo de sentimentos" border="0" height="255" src="http://1.bp.blogspot.com/-hT6GqBWhYto/UpfQPmcz1VI/AAAAAAAAAWo/XJPWyU5CDGk/s320/banco-solitario-thumb.jpg" title="mendigo de sentimentos" width="320" /></a></div>
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</div>
Sem rua habitual onde morar, faz das suas memórias banco de jardim onde dormita e relembra o seu mundo maravilhoso que nunca teve, vive na esperança de uma vida melhor, onde não precise mendigar os sentimentos a que tem direito.<br />
Desde que tem memória, sempre viveu dando aos outros o melhor de si mesmo, sem pedir explicações, simplesmente, dava o que sentia, oferecia-o de mãos abertas vazias de explicações a receber. Talvez desse tanto quanto precisasse, mas nunca deu valor ao que precisava, satisfazia-o fazer alguém feliz, completava-o sentir que a sua vida seria pouco mais que uma gota no oceano, se esse oceano fosse a pessoa a quem os seus sentimentos se entregavam. Nunca soube dar menos do que o que lhe pediam, nunca soube deixar uma lágrima cair sem a sua presença, sem o seu sorriso, o seu carinho, o abraço apertado capaz de salvar um coração.<br />
Hoje encontrei-o na rua da solidão, mesmo ao fundo, sentado no seu banco de jardim, cabeça pousada nas mãos que o tentavam suportar para a vida, corcunda das mágoas que carregava as costas, olhar fixo numa pedra da calçada que lhe parecia diferente das outras. Passei por ele e tentei chegar a fala, mas quando o meu olhar se cruzou com o dele apenas vi os olhos de alguém que conheci e jamais conheço, sem o brilho que tantas vezes lhe vi, sem nada para dar, mas com tanto para receber.<br />
Hoje encontrei-me.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-19075716325092170752013-09-03T00:29:00.001+01:002013-09-03T00:35:08.757+01:00A certeza do incerto<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-7tHbBldDrCs/UiUfVBtAevI/AAAAAAAAAWA/wnLKv2-AJag/s1600/duvida1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-7tHbBldDrCs/UiUfVBtAevI/AAAAAAAAAWA/wnLKv2-AJag/s320/duvida1.jpg" width="320" /></a></div>
Hoje dei comigo, perdido, a divagar sobre as certezas da minha vida, de uma vida de certezas e incertezas.<br />
Tão relativo o conceito de certeza, não, não me refiro as certezas do físico, como o porquê de os rios correrem para o mar ou o azul do céu, mas sim a certeza que se gera dentro da mente guiada pelo coração. Todas as certezas serão mesmo certezas ou apenas um desejo de um sonho em que queremos acreditar como sendo essa a nossa certeza, pilar de um objectivo? Teremos nós capacidades para ter certezas quanto aos outros e a forma como tudo gira ao nosso redor ou será apenas fruto de uma ilusão imaginada e criada por nós que nos leva a ter certezas? Se temos uma certeza, seja ela qual for, porque não os outros poderem ter essa mesma certeza? Porque temos de ser apenas nós a ter certeza de algo que aos olhos dos outros parecerá banal?<br />
Por mais que tente encontrar respostas, chego sempre ao mesmo ponto de partida, serão as certezas assim tão claras aos nossos olhos e tão obscuras aos olhos dos outros? A duvida de uma certeza não é, por si só, motivo para desconfiar se será certeza ou incerteza?<br />
Uma pergunta atrás de outra, uma certeza desvanecida sempre que uma pergunta sobre si recai, a certeza de algo que não se pode ver, apenas sentir, será sempre certo e incerto ao olhar de cada um, dependendo dos olhos que vêem a certeza como algo em que acreditar ou algo banal em que desacreditar.<br />
A certeza incerta da vida é, talvez e sem grandes certezas, ter a certeza que nada mais importa senão a clareza e certeza de um olhar, de um sorriso, de um coração apaixonado que na nossa direcção encontra a certeza devolvida.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-80713348700026741462013-08-26T23:47:00.003+01:002013-08-26T23:47:48.804+01:00Perdido<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-b9DJ6wmt7os/Uhva41hzX_I/AAAAAAAAAVk/RRsa0hb_-lc/s1600/tumblr_lh5cud4RLo1qelgo1o1_500.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="http://1.bp.blogspot.com/-b9DJ6wmt7os/Uhva41hzX_I/AAAAAAAAAVk/RRsa0hb_-lc/s320/tumblr_lh5cud4RLo1qelgo1o1_500.png" width="320" /></a></div>
Este silencio obscuro que me invade a mente, esta neblina sombria que me preenche o dia afastando de mim raios de sol, por mais pequenos que possam parecer, nesta imensidão vazia de mim, de ti.<br />
percorri o mundo tentando encontrar-te, vasculhei montanhas e oceanos na esperança de ver ao longe a tua figura, o teu ser. Encontrei-te onde nunca procurei, junto a mim. Corri para ti como uma criança, abracei-te para nunca mais te deixar partir, fiz dos meus braços amarras onde te prendi sem nunca te tirar a liberdade, guardei o melhor de ti no meu coração, deixei o mundo conhecer quem eu era ao teu lado, quem eu era apaixonado por ti. Ofereci-te o meu sorriso para que nos maus momentos ele te pudesse fazer feliz, para que tivesses algo verdadeiro sempre que o vento te levasse para longe de mim.<br />
Hoje voltei a percorrer montanhas e oceanos na tentativa de encontrar alguém, na tentativa de ver a pessoa que perdi. Parei e olhei de frente, esperando ver onde não tinha procurado, mesmo ao meu lado, e não me encontrei, vi apenas o teu lugar vazio e o meu espaço em branco numa folha de papel.<br />
Fico com a certeza que os meus braços foram insuficientes para te segurar a mim, que um abraço de amor nada significa quando não o sentes. A criança em mim, seguiu para longe do tempo, perdida do mundo e sem o sorriso que um dia te ofereceu.<br />
Vagueando noite dentro, levo a alma envolta na lembrança do dia em que te encontrei ao meu lado, naquela sala de luz apagada enquanto os nossos corpos dançavam ao som de uma lareira.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-78222198157997144342013-08-15T00:35:00.001+01:002013-08-15T00:35:46.312+01:00Longe da saudade<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-MQgUZlMybz0/UgwUKh9YAUI/AAAAAAAAAVU/55i1DIxvxbs/s1600/costa3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-MQgUZlMybz0/UgwUKh9YAUI/AAAAAAAAAVU/55i1DIxvxbs/s1600/costa3.jpg" /></a></div>
Há um lugar, longínquo, onde a solidão banha a costa, em que os sentimentos se perdem e se encontram, vagueiam entre a penumbra da noite e a neblina que se instala, lentamente, sobre os corpos, um lugar de nome Saudade.<br />
Pode o corpo afastar-se, seguir rumo diferente da alma que nos alimenta, esquecer momentos em que apenas duas pessoas foram cúmplices, abandonar o incerto pelo certo do vazio seguro, mas jamais o sentimento acompanhará o corpo. Tantas vezes reprimido, afogado entre lágrimas silenciosas para não despertar o coração adormecido, ignorado na tentativa de não fazer sofrer, tardará o dia em que esse sentimento parta para longe, para a saudade que o acolhe de braços abertos, aconchegando-o no seu leito de amargura como se fosse a maior dádiva que lhe pudesse oferecer. Inocentemente, vive na saudade do seu passado, no sonho do futuro inexistente, esperançoso que um dia a sua fada se lembre dele e lhe possa recompensar pela ausência sofredora.<br />
Num lugar chamado Saudade, onde não existe ontem ou amanhã, vive-se no hoje que nos magoa, no som vazio que acompanha a alma, onde os pontos finais são trocados, repetidamente, por virgulas, em que cada fim será um reinicio da mesma saudade.<br />
<br />
"Aproveita que está perto e abraça. Faz agora, enquanto pode, porque a saudade meu bem, é um lugar incrivelmente longe." <i>Marcelo Vico</i>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-26901316668201435412013-05-01T23:04:00.001+01:002013-05-02T19:56:38.529+01:00Neste rio que te leva<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-NH5SWDAOm98/UYGRUpb5N8I/AAAAAAAAAU0/MavjM4nWSAE/s1600/Mulher_flutuando.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="212" src="http://1.bp.blogspot.com/-NH5SWDAOm98/UYGRUpb5N8I/AAAAAAAAAU0/MavjM4nWSAE/s320/Mulher_flutuando.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
Ao longe, um som seco e abafado de uma arma disparada, ecoa por toda a rua, escurecendo ainda mais a noite fria sem luar, onde as pequenas gotas de orvalho se vão formando sobre um banco de jardim velho e gasto.<br />
No cais, um vulto caminha lento em direcção a margem, os seus sapatos reflectem a luz sombria dos candeeiros que lhes iluminam o caminho de tábuas molhadas e rasgadas pelo tempo. Em punho, segura uma arma que vai tentando limpar com o seu lenço de linho, cuidadosamente, retirado do seu fato preto. Abre a porta do carro, chave na ignição e o roncar de um motor adormecido ainda há instantes, no rádio passa uma sinfonia de Mozart, os bancos em cabedal branco ainda manchados de um momento de prazer forçado.<br />
<br />
O corpo, inanimado, cai na água fria de um rio sem nome, sem história, onde a corrente passa com a pressa de uma brisa moribunda e sem rumo. No peito leva uma bala cravada a quente, uma mancha de sangue que lhe vai escorrendo e misturando-se com a escuridão da água, cobrindo todo o resto do seu corpo em tons de vermelho escuro que a noite não quer revelar, que a noite esconde com a vergonha de ser cúmplice de uma morte fora de tempo. A blusa rasgada revela um peito pequeno sem soutien, as meias, que outrora foram finas e sensuais, escorregam-lhe pelos joelhos, as pernas, de uma palidez quase angelical, servem de leito a umas marcas mãos sedentes de si. Os cabelos loiros parecem saborear o frio da água, soltando-se, flutuando com o corpo que os prende, réstia de vida num corpo inanimado.<br />
<br />
Neste rio que te leva, uma prostituta termina o seu dia, segue em direcção ao pôr-do-sol que jamais virá, um homem abandona o objecto de prazer que o charme e o luxo lhe propusera. Neste rio que te leva, o fim não passa de uma noite que dará lugar ao amanhecer.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-10429280368885543552013-03-27T23:43:00.001+00:002013-03-27T23:43:41.374+00:00Mudança<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-3exdoFgo7Y8/UVOEGysLcsI/AAAAAAAAAUg/LygyBs6oWOU/s1600/mudan%C3%A7a.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="284" src="http://1.bp.blogspot.com/-3exdoFgo7Y8/UVOEGysLcsI/AAAAAAAAAUg/LygyBs6oWOU/s320/mudan%C3%A7a.jpg" width="320" /></a></div>
Uma simples folha em branco, prestes a ser preenchida, com letras e palavras que a mente inventa e mente, tentando tornar real o pensamento de uma mudança mais profunda que os simples gestos de escrever para mudar a folha em branco.<br />
<div>
Talvez a vida seja apenas uma folha em branco pronta a ser escrita, já escrita com gatafunhos e rabiscos, com imagens coloridas, pintadas a mão por pessoas que nela passaram. Mudar, a folha em branco do dia de hoje, implicaria virar uma nova página, arranjar espaço para que esta mesma folha não se misture com as passadas nem se confunda com nenhum outro rabisco já rabiscado. Porém, ao dar lugar, ou espaço, a uma nova folha arriscamos a que as anteriores fiquem esquecidas no tempo, que não passem de memórias se alguma vez as formos lá ver, mas a mudança começa por aqui, por tentar colorir uma página, por tentar colocar na folha em branco meia dúzia de palavras que o pensamento vai tentando transmitir na ponta de uma caneta suspensa por uma mão firme e um coração trémulo.</div>
<div>
Qual o maior medo de uma mudança se não mesmo a própria mudança? Aquela que implica transferir pensamentos e sonhos para o real da vida, tentar não ter medo de arriscar o perder o pouco ou nada que se tem, mas que lá no fundo nos serve como suporte, mesmo que fugaz, para uma vida repleta de ilusões que nos bastam para que amanhã a mudança seja o seguimento do dia de hoje e não um dia diferente do de ontem.</div>
<div>
Mudança, palavra utilizada e banalizada para se dizer em qualquer situação, mas saber aplicar a mudança a uma vida repleta de vazio, onde apenas o sonho pode reinar em noites escuras e sombrias, seria uma tarefa penosamente dolorosa para ser vivida a sós.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-49189655778284271962013-03-21T20:05:00.001+00:002013-03-21T20:05:19.519+00:00Da janela do meu quarto...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-wKwQMTnxTW8/UUtn7JYezqI/AAAAAAAAAUQ/OqZcyNT717k/s1600/Da+janela+do+meu+quarto....jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="231" src="http://2.bp.blogspot.com/-wKwQMTnxTW8/UUtn7JYezqI/AAAAAAAAAUQ/OqZcyNT717k/s320/Da+janela+do+meu+quarto....jpg" width="320" /></a></div>
consigo ver o mundo lá fora, penso que não seja muito diferente ou maior do que aquilo que vejo, resume-se a um parque de jardim, a um parque infantil e uma rua sem movimento.<div>
São raros os dias em que não me sente junto ao parapeito a olhar os movimentos banais e contínuos que as pessoas fazem lá fora, talvez a única coisa que mude seja mesmo a natureza, as flores, as folhas, as gotas de água que por vezes escorrem pelo vidro da janela. Ontem não me apeteceu vir para a janela, fiquei deitado na minha cama a olhar o tecto, a pensar no que se estaria a passar fora da janela, quase que como adivinhando o que o mundo faria, sem tentar não me enganar muito. Apeteceu-me ficar assim, deitado, fixando um ponto no tecto, ou vários que iriam mudando quando estivesse cansado de olhar para o mesmo sitio, foi um dia agradável, fiz a vontade ao corpo e deixei que ele descansasse da agitação do mundo. Hoje pode ser que me apeteça ir até a janela, os raios de sol já começam a entrar e a esbarrar no fundo da minha cama, talvez hoje me tente levantar e ver se o mundo ainda me reconhece, mesmo que nunca me tenha apresentado ou dar-me a conhecer aos olhares das pessoas.</div>
<div>
Novamente, em frente da janela, a embaciar o vidro, a fazer figurinhas que mais tarde irei apagar para poder ver as crianças que correm no parque, os velhos que se encostam numa bengala e conversam o mesmo de todos os dias, talvez passem por cá os habituais casais de namorados que ultimamente têm frequentado o jardim. Hoje os miúdos devem ter inventado um jogo novo, acho que nunca os vi a jogar isto e tão pouco percebo qual o objectivo, mas parecem divertir-se, pelo tom das gargalhadas e das conversas. Ainda tentei perceber qual a finalidade de atirar uma bola de ténis contra uma parede e tentar fugir dela depois, mas é algo que as crianças, estupidamente, fazem para se entreter, por isso não dará muito bem para entender.</div>
<div>
Ao longe vejo o corpo de uma pessoa estranha por cá, sim, vem sozinha, de mãos vazias, andar lento e olhar distante do mundo, parece querer encontrar algo mas que não tem tempo para procurar. Apoio-me nos cotovelos para tentar perceber quem é, mas de facto é uma pessoa estranha nesta zona, não será motivo de preocupação ou interesse futuro, mais uma viajante do espaço perdido. Caramba, é inevitável não reparar no seu cabelo longo e encaracolado, talvez seja louro, ou castanho muito claro, o sol embrenha-se nele e desfoca-lhe a cor, mas, contudo, fica-lhe bem, realça-lhe o rosto bonito. Tem o corpo um pouco esguio de mais, umas ancas um pouco exageradas, mas nada que não lhe fique bem, o andar sedutor de quem sabe que reparam nela, mesmo que caminhe sozinha no mundo, gosto do que vejo, talvez fique por cá mais um pouco, só até a perder de vista, quem sabe não seja, afinal, o único interesse que esta janela me dará hoje.</div>
<div>
O olhar dela prende-se, confuso, aos miúdos no parque, percorrem a paisagem de casas iguais, talvez nem veja o que lhe é mostrado, mas olha distraidamente. Tento esconder-me do seu olhar que se dirigiu para a minha janela, mas entre trapalhadas e escorregadelas dou comigo de joelhos a espreitar pelo canto da janela para ver se a encontro, e lá está ela, de olhar preso na minha janela. Com tantos sítios para onde olhar tinha de focar o único local do mundo que tantos anos permaneceu imóvel e intocável. Que se vá embora o quanto antes!</div>
<div>
Passados cinco minutos já não a vejo, desapareceu por completo, talvez tenha sido melhor assim, posso voltar novamente a minha zona de conforto, ver quem corre no meio do nada e para lado algum, ouvir os lábios mudos dos velhos que criticam o tempo.</div>
<div>
A campainha de caso tocou, um silêncio profundo.</div>
<div>
Os meus pais não estarão em casa a esta hora? Quem será que chegou? Talvez eles se tenham esquecido da chave de casa... Talvez seja alguém a vender alguma coisa sem utilidade de alguma revista foleira... Talvez seja engano...</div>
<div>
Outro toque e o pequeno coração adormecido e alvoraçado estremece.</div>
<div>
E agora que faço, vou lá ver? deixo-me estar aqui, quieto e caldo, e talvez nem notem que está gente em casa? e se forem os meus pais? Sim, o mais certo é serem eles que se esqueceram da chave, e quanto mais me demorar mais eles me chateiam por não lhes ligar nenhuma.</div>
<div>
Num descer apressado pelas escadas, puxando as calças do fato-de-treino acima de vez em quando, lá conseguiu chegar a porta enquanto um irritante tocar de campainha mais prolongado se fazia ouvir pela casa toda. Abre a porta como que em desespero por fazer os pais esperarem tanto tempo e imaginando já o sermão que iria ouvir, quando da parte de fora da porta uma rapariga o olha de cima abaixo e lhe diz:</div>
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- Olá.</div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-72629942718802465082012-11-12T21:05:00.000+00:002012-11-12T21:05:20.009+00:00Vida, a Bela Merda<a href="http://3.bp.blogspot.com/-LTuV6Ut0Izc/UKFkWu1gciI/AAAAAAAAATs/biI-sROviOw/s1600/Vida,+a+Bela+Merda.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-LTuV6Ut0Izc/UKFkWu1gciI/AAAAAAAAATs/biI-sROviOw/s1600/Vida,+a+Bela+Merda.jpg" /></a><br />
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A porta fechou-se atrás dele com a força de uma tempestade invernosa, os degraus sobravam para as suas passadas apressadas, não fossem as folhas que o Outono trouxera ao chão a desviarem-se e poderia-se acreditar que alguém não passou ali.<br />
A rua fora feita a sua medida, deserta de sentimentos, repleta de pessoas numa correria sem destino algum, atarefadas com a sua vida olhando de lado para as vidas que se cruzavam no seu caminho, e ele cabisbaixo seguindo rua abaixo sabendo que passaria despercebido mesmo que na sua alma transporta-se o maior dos tesouros.<br />
Uma pedra branca, pequena e insignificante, parecendo estorvar-lhe o caminho é motivo suficiente para descarregar em si a sua fúria, o seu descontentamento, o seu vazio. Os seus pensamentos levam-no numa conversa que apenas ele conhece, num diálogo que mais parece um monólogo, onde é a personagem principal, o seu melhor conselheiro, o único que contradiz o que os pensamentos querem. Entre passadas desiguais, um chuto na pequena e insignificante pedra, as suas mãos apertam-se dentro dos bolsos dispostas a soltarem-se e esmurrarem a primeira árvore que aparecer, ou até mesmo o próximo parquímetro que não se desvie do seu caminho.<br />
A noite ameaça uma chuva quase eminente, os paralelos já molhados de uma chuva passageira parecem escorregar-lhe debaixo dos pés, mas nem isso o faz abrandar nos seus pensamentos ou nas suas passadas. Por entre ideias e revoltas, da mente, o seu olhar cruza-se com o sorriso de uma jovem que o avistou ao longe no seu encalço, o coração quase lhe gelou o sangue, por breves momentos sentiu o estômago encolher-se com um nó que lhe subiu até a garganta. Pela sua silhueta e o seu rosto parecia ela, o cabelo com o mesmo corte, a altura bastante semelhante, a postura firme e decidia seria a dela, mas o sorriso, não poderia pertencer a alguém que não lhe quer conhecer os gestos, a alguém que jamais olharia para ele com um sorriso e um gesto de felicidade. Rápido trocou as voltas a sua imagem, tentou visualizar essa rapariga que o estava a passar, a enfeitiçar e levar para outra pessoa que não desejaria mais encontrar. Como que vingança por essa tentativa da mente o iludir, dá um pontapé violento na pedra que o acompanhou desde casa até ao fundo da rua, de salto em salto acaba por cair numa sarjeta por entre um tilintar de desespero como que se agarrando com tudo o que podia e este passeio, a ponta do pé do seu dono. Ele pára em frente a sarjeta tentando descobrir o final de uma insignificante pedra, mas só lhe ocorre a ideia de que deitou fora, num gesto irreflectido, a única companhia que teve esta noite.<br />
Num amontoar de ideias, de imagens e desejos, que lhe percorrem a alma, recorda-se de querer a pedra pequena e branca de volta, de ter coragem de correr para a rapariga que lhe sorriu, de esquecer a rapariga que não lhe quer conhecer os passos e refazer a sua noite, mas o cansaço, a desilusão e o fim da história apenas o levam a pronunciar as palavras que a boca calou durante tanto tempo:<br />
Vida, a bela merda.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-13943580740028802592012-10-25T23:25:00.001+01:002012-10-25T23:25:13.223+01:00O último adeus O fim de tarde trouxe a calma de uma noite soalheira, encoberta pelos últimos raios de sol que se confundiam com o tom cinzento das poucas nuvens num céu outrora azul.<div>
Numa manta, de padrão axadrezada, ela aconchega-o nos seus braços, envolvendo-o com todo o seu carinho e afecto. Suavemente, as mãos deslizam umas nas outras, ele quase sem forças, para sentir o toque que desejou mais que tudo na vida poder sentir, olha o infinito do horizonte, perdido entre as ondas do mar e as gaivotas pousadas na areia branca da praia. Um sorriso, parecendo abraçar o mundo, coloca a lágrima num olhar pertencente a alguém, um olhar de quem nada mais pode oferecer.</div>
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A penumbra da noite arrefece os corpos amados, o denso nevoeiro que se avizinha ao longe no mar ameaça acolher a praia em breves horas, o céu abriu caminho a algumas estrelas que rodeiam a lua brilhante e longínqua. Com a voz tremula sussurra algo a sua amada, um pedido ao alcance de uma pessoa capaz de amar, capaz de perceber e desculpar. Nas poucas forças que lhe restam, carrega sobre os ombros os sonhos que não realizou, um amor que não chegou ao fim, uma vida repleta de vazios preenchidos por uma só pessoa. Os seus passos lentos através da areia apenas são possíveis com a ajuda de uma guerreira na sua vida, alguém incapaz de desistir.</div>
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As ondas desfazem-se mesmo ali, junto a eles, mas apenas a espuma consegue beijar-lhes os pés descalços, provocando um arrepio amenizado pela brisa quente que lhes percorre a pele. Ele perde-se, novamente, no horizonte das estrelas, ela tenta acompanhar esse olhar com a cabeça deitada no seu ombro, numa partilha de segredos silenciosa.</div>
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Ambos sabem que o tempo é apenas uma questão tempo, uma vontade por cumprir, um sorriso por dar, memórias vagas que preenchem o vazio entre o passado e o momento exacto, apenas um amor por terminar.</div>
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- Não me deixes partir minha querida, segura-me pelo braço e faz com que o tempo pare aqui. Deixa-me ficar no nosso mundinho.</div>
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- Não te deixarei meu bem, por mais que o tempo corra, estarás sempre aqui!</div>
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Os seus lábios brancos e gretados beijam-lhe a testa encoberta pela franja, de um cabelo castanho cor de mel, pedem-lhe desculpa de uma vida que a morte quis roubar, oferecem o nada que apenas consegue dar.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4215685772573391126.post-46888522886460815862012-10-07T22:29:00.001+01:002012-10-07T22:32:09.575+01:00A sós com a solidão <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-fnWRpOveDIU/UHH0DGA1dqI/AAAAAAAAATY/4IcZxIWzTjA/s1600/a+s%C3%B3s+com+a+solid%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="316" src="http://3.bp.blogspot.com/-fnWRpOveDIU/UHH0DGA1dqI/AAAAAAAAATY/4IcZxIWzTjA/s320/a+s%C3%B3s+com+a+solid%C3%A3o.jpg" width="320" /></a></div>
Hoje vi pessoas simpáticas a falar com um corpo deserto, de sorriso obrigatório de quem tem o dever, com um olhar que percorria oceanos. Alguém me falou, mas não me viu.<br />
Estranho este meu mundo de vazios por onde ando, tentando encontrar conforto e carinhos nas pessoas que amo mas que não tenho, esvaziando o ser vezes sem conta ao remexer a alma na procura de algo melhor para oferecer. Em certos momentos penso se seria melhor esperar receber algo sem oferecer nada, mas vejo-me diante da parede branca que nada me diz, encontro o vazio da existência que não desejo, e nesses momentos luto, tento chegar ao outro lado da parede branca, mas por mais que tente sinto os dedos já sem forças de tanto me agarrar ao meu sonho, a realidade que existe apenas num coração estúpido de um amante.<br />
Ontem, durante uma insónia a que a minha mente já me habituou, dei comigo a proferir estas palavras,"amei no silencio da noite, na esperança que o amanhecer viesse para nos acordar, mas as trevas apoderaram-se do meu sonho", talvez seja assim, talvez haja apenas um sonho, talvez haja um acordar solitário, talvez a vida nos ensine que há momentos certos para algo ter valor, talvez eu só descubra o valor do sonho quando acordar.<br />
O sol esta manhã pareceu-me estranho e distante, ainda mais distante que o costume, mas todos nós temos os nossos dias de brilhar e de ficar apenas a ver, e acredito que hoje o sol apenas me observou, pairou sobre mim na esperança de uma fraqueza minha, mas por muito que tente não irá conseguir ver. O nó na garganta persegui-me por todos os lados, como uma onda que esbarra sempre na areia da praia desfazendo-se em espuma, sempre presente e forte,dando-me vontade de seguir para o alto mar e deixar-me estar lá, onde ninguém me via, onde ninguém me ouvia, mas por mais que eu pensasse estar sozinho, sentia a tua presença, a única presença, minha querida solidão.<br />
Nunca fomos de grandes conversas, sempre respeitei o teu cantinho, ao contrário de ti que me empurras, me machucas e fazes de tudo para me chamar a atenção, mas por cordialidade e respeito dirijo-me a ti por intermédio dos meus pensamentos que tão bem conheces, penso até que conheces melhor os meus pensamentos que a ti mesmo. Longos são os momentos em que partilho contigo os meus pensamentos, sei que por isso deveria ser culpado, por te mostrar algo que tão mal me faz e que tão bem te sabe, mas quando todas as portas se fecham, apenas me restas tu querida solidão.<br />
Um dia, quem sabe, talvez partilhe contigo algo mais que os pensamentos, de certo irias apreciar a minha pacata vida.Unknownnoreply@blogger.com1