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segunda-feira, agosto 26

Perdido

 Este silencio obscuro que me invade a mente, esta neblina sombria que me preenche o dia afastando de mim raios de sol, por mais pequenos que possam parecer, nesta imensidão vazia de mim, de ti.
percorri o mundo tentando encontrar-te, vasculhei montanhas e oceanos na esperança de ver ao longe a tua figura, o teu ser. Encontrei-te onde nunca procurei, junto a mim. Corri para ti como uma criança, abracei-te para nunca mais te deixar partir, fiz dos meus braços amarras onde te prendi sem nunca te tirar a liberdade, guardei o melhor de ti no meu coração, deixei o mundo conhecer quem eu era ao teu lado, quem eu era apaixonado por ti. Ofereci-te o meu sorriso para que nos maus momentos ele te pudesse fazer feliz, para que tivesses algo verdadeiro sempre que o vento te levasse para longe de mim.
 Hoje voltei a percorrer montanhas e oceanos na tentativa de encontrar alguém, na tentativa de ver a pessoa que perdi. Parei e olhei de frente, esperando ver onde não tinha procurado, mesmo ao meu lado, e não me encontrei, vi apenas o teu lugar vazio e o meu espaço em branco numa folha de papel.
 Fico com a certeza que os meus braços foram insuficientes para te segurar a mim, que um abraço de amor nada significa quando não o sentes. A criança em mim, seguiu para longe do tempo, perdida do mundo e sem o sorriso que um dia te ofereceu.
 Vagueando noite dentro, levo a alma envolta na lembrança do dia em que te encontrei ao meu lado, naquela sala de luz apagada enquanto os nossos corpos dançavam ao som de uma lareira.

quinta-feira, agosto 15

Longe da saudade

 Há um lugar, longínquo, onde a solidão banha a costa, em que os sentimentos se perdem e se encontram, vagueiam entre a penumbra da noite e a neblina que se instala, lentamente, sobre os corpos, um lugar de nome Saudade.
 Pode o corpo afastar-se, seguir rumo diferente da alma que nos alimenta, esquecer momentos em que apenas duas pessoas foram cúmplices, abandonar o incerto pelo certo do vazio seguro, mas jamais o sentimento acompanhará o corpo. Tantas vezes reprimido, afogado entre lágrimas silenciosas para não despertar o coração adormecido, ignorado na tentativa de não fazer sofrer, tardará o dia em que esse sentimento parta para longe, para a saudade que o acolhe de braços abertos, aconchegando-o no seu leito de amargura como se fosse a maior dádiva que lhe pudesse oferecer. Inocentemente, vive na saudade do seu passado, no sonho do futuro inexistente, esperançoso que um dia a sua fada se lembre dele e lhe possa recompensar pela ausência sofredora.
 Num lugar chamado Saudade, onde não existe ontem ou amanhã, vive-se no hoje que nos magoa, no som vazio que acompanha a alma, onde os pontos finais são trocados, repetidamente, por virgulas,  em que cada fim será um reinicio da mesma saudade.

"Aproveita que está perto e abraça. Faz agora, enquanto pode, porque a saudade meu bem, é um lugar incrivelmente longe." Marcelo Vico