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domingo, dezembro 11

Folha em branco

  Esta folha em branco que me enche o corpo de angustia, que me pede para escrever, tantas vezes deixada ao abandono por não saber o que nela escrever.
 Agora que pego nela não sei que lhe fazer, rabisco-a na tentativa de encontrar forma de a ocupar, tentando ultrapassar a dor de a voltar a magoar com palavras que sinto e sei serem pesadas de mais para algo tão frágil. Numa foto tua, procuro a inspiração que a alma entorpecida perdeu, entre sonhos, sorrisos escondidos do mundo, e uma dor que ninguém merece sentir. Mas esse teu rosto, já não me inspira como outrora, já não sustenta este meu vicio de ti, faz-me querer-te aqui, implora que corra para ti, estejas onde estiveres, mata-me com o toque suave de um beijo teu.
 Sinto-me a divagar por entre as palavras, por entre as recordações de ti, levado ao limbo, por esta imagem tua. A ternura e o carinho que transportas em ti, a beleza única e singela que o teu rosto possui, a perfeição dos teus lábios rosados, o teu ar de menina que me torna num ser minúsculo, deixando-me uma vontade enorme de me ajoelhar aos teus pés implorando um pouquinho de atenção, como se isso fosse a salvação de todo um mundo, de um universo, talvez o meu, certamente o meu.
 Não me canso de olhar o teu olhar, de o sonhar, sentir ou desejar provar a sua cor castanha cor de mel. Quantas noites mais o meu pensar irá para junto de ti, deixando-me nesta solidão? Quantas mortes o corpo terá de sofrer para que a alma viva em ti?
 Nesta, ou em outra qualquer folha em branco, o meu destino serás tu, o meu ser estará presente em cada palavra, em cada sentimento, retratado com a doçura que tu mereces Sorriso de Anjo.

domingo, novembro 27

Cocktail de sentimentos

 Um pouco de sentimentos distorcidos pela neblina da realidade, um pouco de carinho sentido, muita saudade e um sorriso, onde que te sirvo esta bebida tóxica.
 Não sei os teus gostos, se és apreciadora de algo que te faça sorrir ou de algo que te faça sentir viva. Desconheço o teu gosto mais secreto, mas sei aquilo que gostas que te diga, aquilo que gostas de ouvir. Por isso, hoje, vou servir-te a tua bebida favorita, repleta de empenho e dedicação da minha parte.
 Num sorriso, que pouco tem de meu, digo-te que estou bem, que me sinto feliz por sorrir contigo, adiciono-lhe um pouco de vontade de te ver sorrir, quando o que quero é conhecer o desconhecido de ti. Nesta minha figura, de onde tu podes escolher o que queres beber, ofereço-te o que não tenho, fingindo ser tudo o que tenho para ti. Tu deliciaste com as minhas pequenas misturas e poções de nada, tão bem enfeitadas quanto os sentimentos que não te mostro. Do meu sorriso, bebes o que queres ter e aquilo que não reconheço pelo seu nome ou sabor, aprecias cada trago como se fossem verdadeiros em nós.
 Este cocktail de sentimentos, é o pouco do todo que desconheces em mim, é a minha capacidade estúpida de te oferecer o que queres e o que não sou. Se pudesse dar nome a esta bebida seria "Ilusão", pelo poder mágico que ela tem em fazer rir quem a bebe, mesmo que quem a sirva saiba que apenas lhe adicionou um pouco de sentimentos não sentidos. No entanto, recomendo outro cocktail para ti minha querida, algo mais arrojado, algo que não te faça sorrir, algo que te trará de volta a realidade, seria algo banal e fútil, contudo, com a sinceridade da pessoa que sou, com a sinceridade do que sinto, de certo saberás o nome desta bebida.
 Se me voltares a perguntar se estou bem, senta-te ao meu lado e bebe do meu copo, talvez percebas onde me encontrar.

quinta-feira, novembro 3

As voltas do mundo

 O mundo dá voltas e voltas, sem vermos a volta que ele nos dá.
 Sem dares conta o mundo gira, à tua volta, à volta de todos que te rodeiam, e sem ver o seu passo apressado, muda o mundo. A pegada que ontem marcaste como tua, hoje não passa de uma leve poeira que o tempo irá apagar, a brisa que te fez sorrir e sonhar, jamais será vivida por alguém, sem saberes, as voltas do mundo apaga aquilo que foste ou aquilo que tinhas como teu.
 Na noite escura dás voltas na cama, vives no teu mundo inconsciente e tão real quanto tu, recordas o teu passado, sonhas o teu futuro, amas no silêncio de uma cama vazia, mas lá fora, as voltas do mundo continuam a mudar quem és ou serás, continuam a marcar-te para o mundo que irás encontrar na manhã.
 Por mais voltas que dês, tentando fugir das voltas do mundo, ele irá apanhar-te na sua curva, fará de ti continuação de uma volta ainda mais amarga que aquela que possas ter imaginado. A seu belo prazer, ele vai marcar o ritmo da tua existência, vai criando seres já existentes, mudando pedras do tamanho do teu pequeno mundo. Não adianta tentar acompanhar as voltas do mundo, ele estará um passo à tua frente, e quando deres conta já és a pegada transformada em leve poeira.
 O mundo dá voltas e voltas, e quando pensas que será a sua ultima volta, com passos de criança matreira, dá mais uma volta, apenas para te lembrar que não o podes controlar nas suas voltas loucas de mundo incerto.
 As voltas do mundo...

Café pra dois

 O teu café arrefeceu, tal como a tua companhia ausente.
 Não me lembro de ter chegado, talvez estivesse uma tarde agradável de Verão, ou uma tarde soalheira de Outono, não me lembro da chuva de Inverno, mas pelo sorriso e carinho que me acompanharam, talvez estivéssemos na Primavera, não me lembro, simplesmente, a esta distância parece que foi ontem que aqui cheguei.
 A esplanada é perfeita, tem uma vista sobre o mar, uma sombra agradável e, se fecharmos os olhos, somos só nós, o oceano e aquela suave brisa com cheirinho a praia. O chão em madeira tem uma ou outra tábua levantada, tem cuidado ao caminhar, e eu sei que chegarás com esse teu sorriso a olhar para mim sem veres onde pões os pés.
 Já olhei o relógio vezes sem conta, a tarde esfuma-se por entre os raios de sol e nem sinal de ti, espero que esteja tudo bem contigo. Não sabia muito bem o que pedir, por isso pedi café para os dois, sei que gostas do café daqui, disseste-me tu no dia em que te convidei. Esse dia, esse terrível dia, como eu tremia para ganhar coragem em te convidar para um café. Neste momento, posso dizer que foi dos dias mais estranhos que já tive, uma luta interior entre a vontade de te convidar e o medo de recusares, mas com muita sorte minha ouvi um sim sorridente vindo de ti.
 Hoje, espero por ti, aqui nesta mesa de esplanada, deserta de ti e de mim, pois trazes contigo a pessoa que sou, que apenas a reencontrarei no momento em que chegares.
 O teu café arrefeceu minha querida, quando chegares peço outro.

quarta-feira, outubro 19

Perdido no horizonte

 Olho o horizonte sem fim, vejo o que de nada ele me mostra, deixo a alma vaguear pelo pôr-do-sol, espero encontrar alguma resposta, neste meu caminhas sem pressa ou vagar.
 Por vezes doce, outras porém, amargo, este horizonte de neblina que me foge por entre os dedos como areia fina, sem o poder apertar ou segurar. Que maldição atormenta este meu mundo, que mal querer este horizonte tem por mim. Daria tudo que não tenho, se fosse meu, para poder perceber o porquê desta triste sina que invade o ser cada vez mais fraco que transporto em mim.
 Este horizonte, onde a névoa ensombra o dia e a transparência mostra o escuro da noite, onde não se deixa ver, onde não mostra o rosto da pessoa que surge, deixa apenas a certeza do incerto. percorre os sonhos de cada um, rouba os desejos mais íntimos do ser, prevalece para lá do comum mortal que o tempo apaga, a pouco e pouco, desgastando, primeiro o corpo, lentamente a alma e como que por magia desvanecendo a recordação de quem somos os fomos.
 Se ao menos a alma pudesse largar esta sua cama, a que chamo de corpo, se ao menos ela pudesse esquecer o mundo e seguir em frente sem mim.

segunda-feira, setembro 12

Alguém como tu

 Sem procurar, talvez encontre alguém como tu, poderás ser tu.
 Não ambiciono ter o que não tenho, desejo ter o que me faz feliz, sentir que algo me completa na metade de mim que hoje tenho. O vento que te percorre não me alimenta o sonho, mata-me por dentro por ter o que eu desejo, o teu toque, a tua pele, o teu suave corpo de mulher. Comungo o ar que respiras pela falta que me fazes, vivo do teu ser tentando encontrar o meu em cada suspiro que partilhamos.
 Sem ti, talvez seja o meu caminho, sem o ser venerado por mim em cada momento da minha vida. Sei que não te posso pedir para me acompanhares, posso apenas deseja-lo mesmo sabendo que não irá acontecer. As manhãs sem o teu acordar ao meu lado, serão apenas o despertar de uma vida vazia e solta do mundo.
 Encontrei-te sem te procurar, desejei sem te dizer, sonhei sem te acordar, hoje quero alguém como tu, poderás ser tu. Quero que sejas tu!

segunda-feira, agosto 29

Fiz-me no silêncio

 Na noite escura, no beijo perdido, no teu toque fugido, assim eu me fiz, no silêncio de nós.
 As palavras que não dissemos fizeram-me crescer, os momentos partilhados no calor de uma noite de amor não terminada, a viagem sem regresso, o adeus que nunca demos, fez-me ser quem tu não conheces hoje.
Na manhã em que acordei ao teu lado, em que fiquei a olhar o teu dormir, a sonhar com o teu sorriso, a desejar-te ainda mais do que quando te tive. Naquele momento, mudou em mim a forma como te via, percebi a pessoa que eras, mesmo antes de te conhecer.
De todos os momentos de silêncio que vivemos, recordo a tarde em que te conheci, em que o meu coração silenciou a alma, parou de bater para que pudesse sentir o teu sorriso. Sem o som das palavras, tão pouco o eco dos sorrisos, foi no vazio do silêncio que encontrei a tua beleza, que encontrei quem eu sou.
 Hoje, revivo cada momento de solidão, recordando as tuas palavras, o teu toque fugido no tempo, o teu beijo perdido em mim, com a certeza de que o silêncio te trará até mim um dia.

terça-feira, agosto 23

Amor pequenino

 Não sei quanto tempo esperei por este momento, talvez muitos muitos dias, mas, finalmente, posso dizer que sou um homem feliz.
 Durante este ultimo ano, passei os meus dias e ver a sua figura, a sonhar com ela, a sorrir para ela, mas sempre pensei que não fosse mais do que um miúdo que ela conhecia. Todos os momentos, que partilhava algo com ela, poderiam parecer-lhe banais, mas para mim sempre foram os verdadeiros momentos de felicidade que o meu dia me trazia.
 Do que melhor me lembro dela é o seu cabelo, sempre despenteado, solto ao vento, com aquele travessão cor-de-rosa mesmo ao lado do risco torto e desorganizado. Não sei porquê, mas fazia-me lembrar uma personagem de desenhos animados, daquelas irrequietas e sempre na brincadeira.
 Ela chegava perto de mim e eu limitava-me a olhar pro chão, sorria esperando que não me visse corado e desejava que me segurasse pelo braço e me levasse nas suas brincadeiras, mas nunca aconteceu, nunca até hoje.
 Estava mais uma bela tarde de Verão, como tantas outras, o parque estava cheio e todos tinham com quem brincar, eu limitava-me a subir as pequenas escadas de madeira e descer pelo escorrega, repetindo isto vezes sem conta, até o cansaço me vencer ou a desilusão de estar sozinho, me acompanhar até a minha mãe. Numa dessas minhas esperas, para descer no escorrega verde que me levaria até a areia, ela aproximou-se de mim, fiquei sem saber que fazer, tantas vezes me vira ali e não me tinha ligado, porquê naquele momento se aproximara ao ponto de ficar encostada a mim? Mais uma vez, olhei para o chão, corei e sorri para dentro de mim. Como eu gostava que ela me dissesse um simples olá.
 Senti os seus dedos pequenos apertarem-me o braço, puxando-me para ela. O meu coração parou, como um interruptor que desliga a luz, sem saber o que fazer, o que dizer. Os meus olhos levantaram-se e olhei para ela, caramba, como era mesmo linda, aquela rapariga fazia-me levitar sem sair do chão. Sem trocar uma única palavra, fomos para longe da confusão, para um canto do parque, onde nos sentamos na areia e brincamos, disfarçadamente, com a areia. As minhas mãos mexiam na areia, tentavam criar um castelo ou algo do género, mas o meu pensamento e o meu coração jamais sabiam o que estavam a fazer, sentia-me apenas confuso e feliz.
 Trocamos alguns sorrisos e poucas palavras, pois a minha timidez não me deixou ser como eu queria ser, e como o que é bom acaba depressa, o fim da tarde chegou e eu já ouvia a minha mãe chamar-me. Já de pé, disse-lhe por entre um murmúrio que tinha de me ir embora. Lembro-me apenas de ela se agarrar ao meu pescoço e me dar um beijo na boca. Virei-me e corri o mais que pude para junto da minha mãe, não via por onde ia, pois tinha a cabeça a andar à roda com tanta felicidade, agarrei-me a ela e senti uma sensação de borboletas a esvoaçar no meu estômago.
 Já é noite e não consigo dormir, continuo sem saber o que senti naquele momento, mas mesmo, e com apenas cinco anos, posso jurar ao mundo que a amo, e que daqui por vinte anos a irei continuar a amar.

sábado, agosto 20

Lua sem luar

 Perdida na noite, sem canto ou recanto onde esconder suas lágrimas, perdida na noite onde tudo fica claro no escuro sem luz.
 Outrora tua, conhecedora de ti e de todos os teus medos, orgulhosa de todos os teus defeitos, hoje partiu, deixando a tua alma na companhia do corpo perdido, na imensidão, na solidão do mundo repleto de gente. Escondida por entre os sonhos de outros que a desejam, por entre a magia de um dia feio, que o inverno trouxe do norte ao sabor do vento gelado de morte sem sorte, sem azar que pudesse alegrar o seu final trágico e desejado.
 Abandonada a nascença de um ser moribundo, renegado do fundo do ser de alguém, de entranhas escuras e sombrias, tão claras como o sangue que pensou correr-lhe nas veias inexistentes. Brindou a sorte do abandono, desejando não ser esse ser sem ser, felicitando a sorte que nunca teve, mesmo na nascença.
 Hoje, conheces o caminho que não mais verás, irás pela aventura de não saberes onde ou quando, quem ou se, serás apenas tu e os teus medos, os teus defeitos e a tua solidão perdida na noite.
 Sem lua ou luar, para amar, encontrarás o brilho da luz no teu doce beijar do mar.

quinta-feira, agosto 18

Tatuagem

 Em mim, falta apenas, a tatuagem do teu rosto no meu corpo.
 Na alma trago o teu sorriso, feliz e doce, tatuado por ti ao longo de sonhos mágicos que vivi na tua presença. No pensamento tenho a tua imagem, que vivo e recordo sempre que estás longe de mim. Resta-me tatuar o meu corpo com o corpo teu, porém, não haverá artista capaz de te desenhar na perfeição que tens para mim, na beleza que conheço em ti. O teu jeito de ser, jamais poderá ser reproduzido com tintas ou pincéis, o teu sorriso será apenas a névoa que ofusca a inspiração de um qualquer pintor.
 Pensei marcar em mim o que de melhor tens, mas é tão difícil escolher apenas um pequeno pedaço da imensidão do teu ser, e assim vou esperando, um dia, poder sentir os teus lábios, marcarem os meus, percorrerem o meu corpo, como se fossem pincéis de cetim tatuando o meu ser.

segunda-feira, agosto 15

Banco de jardim

 A inocência dos nossos olhares trocados neste mesmo banco de jardim, que fazíamos questão de visitar sempre que a tempestade se abatia sobre o nosso mundo, ainda te lembras minha querida?
 Parece que foi ontem, que estive aqui contigo, de mão dada a olhar as crianças brincarem na relva, a ver os pássaros caminharem junto ao lago sem medo que o mundo os assustassem. Mas hoje, sento-me aqui, sozinho e sem ti ao meu lado, já sem ti ao meu lado. O tempo, esse malvado de cabelos brancos, chegou mais rápido para ti do que para mim, tornando assim a injustiça do mundo ainda maior do que quando tínhamos vinte anos e desejávamos viver todos os sonhos numa só noite. Com o passar das noites demos conta de que não importa viver todos os sonhos muito rápido, mas que os consigamos viver lentamente com a pessoa que se ama, e nós amamos tanto o ser um do outro.
 Se fechar os olhos, ainda sinto a tua mão trémula na minha, a tua pele macia e gasta pelo tempo apertar os meus dedos cansados. As lágrimas correm-me pela cara, por entre as rugas que tanto gostavas de ver em mim, fruto de uma vida partilhada a dois, marcadas pelos sorrisos, pelas tristezas.
Não preciso de procurar o teu perfume noutra pessoa, trago-o em mim como no primeiro dia em que te conheci, acho que nunca mudou, por mais colónias que tenhas usado em toda a tua vida ficará para sempre o cheiro das rosas que tanto gostavas. Por entre um sorriso recordo, agora, a rosa que trazias naquela tarde de domingo em que te sentaste ao meu lado pela primeira vez. Naquele momento senti que um anjo teria descido dos céus para se sentar ao meu lado, fiquei sem jeito e sem saber o que te dizer, pois todas as palavras trocadas nas nossas longas cartas eram poucas para te mostrar o quanto estava feliz por te ter ali, mas ao mesmo tempo não queria parecer um puto desejoso de te pegar na mão e te levar a passear pelo lago.
 Tudo não passa de recordações hoje, tu não estás aqui para relembrar cada momento nosso, cada discussão sem sentido que tivemos. Dou comigo a lamentar todo o tempo que perdemos com as banalidades da vida, sem aproveitarmos o nosso amor, mas sei que mesmo assim fomos felizes, fomos a única metade que tivemos e desejamos, fomos a única companhia e cumplicidade que partilhamos.
 Sem o teu braço para me amparar e segurar, para me guiar até casa, levanto-me com a ajuda desta bengala trémula e desajeitada que o tempo um dia irá tirar de mim. Percorro o longo caminho para onde não desejo ir, onde sei que não te irei encontrar, onde cada recanto me fará recordar de ti, onde o sonho e o desejo me fazem querer ir para junto de ti.
 Hoje, teria dito muito mais do que aquilo que te disse, teria-te beijado muito mais do que o que beijei. Hoje, não te teria deixado partir sem mim meu amor.

domingo, agosto 7

Suave acordar

 Hoje, acordei contigo no pensamento, na cama fria onde o meu corpo se enregelava tentando enroscar-se no teu.
 Raro é o dia em que não acorde a pensar em ti, em que não sinta o teu perfume, em que a primeira imagem que a mente me trás não seja o teu sorriso, mas hoje foi diferente, a janela aberta, para o mundo, levou-me para uma manhã mágica, onde, tal como hoje, o céu cinzento e carregado ameaçava uma chuva miudinha e quente, não estivéssemos nós em pleno Verão. Nessa manhã, vi-te como nunca te tinha visto antes, apareceste nesse teu jeito de ser, elegante, sorridente, transbordando a luz do teu olhar, um olhar doce e meigo, ensonado.
 O teu sorriso, quase como tímido por ser mais perfeito que o brilho do Sol, realçavam as tuas pequenas sardas, mesmo por baixo dos teus olhos pequeninos, quase que fechados a olhar para mim. Por entre passadas curtas e lentas, que o teu corpo cansado fazia movimentar, aproximaste-te de mim com um "Bom dia" baixinho e alegre. Impossível não sorrir para ti, não desejar segurar-te nos meus braços, abraçar-te num beijo suave e partilhar contigo a felicidade que sentia naquele momento.
 Guardei esse momento durante todo o dia, toda a semana, e com o passar do tempo relembro-o vezes sem conta, esperando um dia acordar e ver esse teu sorriso ao meu lado.
 Hoje fiquei na cama mais tempo que o normal, a imaginar-te, sonhando acordado, rebolando na cama como uma criança que sente ser ali o seu cantinho seguro.
 Caramba, como um momento, talvez banal, nos pode fazer felizes ao longo dos tempos.

Um doce beijinho Sorriso de Anjo.

quarta-feira, julho 27

Assassino do amor

 Tentei encontrar explicação para ti, tentando encontrar razões que me faltam.
 Vi-te, deitado sobre a rocha fria que o Sol não aqueceu, por onde a chuva passou e não gastou. Esperavas encontrar corpo e alma, onde habitar, onde pudesse o teu Ser florescer, longe dos espinhos e das ervas daninhas que te serviam de cama nesse teu rochedo.Nunca foste de grandes aventuras, seria patético seguires a vontade e desejo de alguém que não tivesse terra suficiente onde te enraizares, por isto, vi-te noites e dias, Invernos e Verões, deitado sobre essa tua cama amargurada, esperando a Primavera de uma vida.
 Não sei se te vi ou se te encontrei, sei apenas que senti a tua presença nela, disfarçado talvez, escondido de mim, por não saberes se seria merecedor de te ver.
 Com os primeiros raios de Sol, as tuas sementes começaram a florir, a desabrochar para mim, mostrando-te como és. A beleza que antes vi, sobre a pedra, sozinha e despida de tudo, hoje pertencia-me, conquistava-me numa luta a dois, entre mim e ti.
 Abandonaste o corpo escolhido, para te aninhares no meu, sem te pedir nada, oferecendo-te o vazio em mim. Embalei-te ao som do silêncio, fiz dos meus braços a cama que desejaras, partilhei contigo a fome de mais, o sonho de nós em ti.
 Não encontro a resposta para o teu presente, tão pouco para o teu futuro, sei apenas que te olho nos olhos sem saber onde estás ou como te encontrar.
 Olho-me ao espelho e vejo a tua ilusão, a tua imagem desfocada. Retiraram-te de mim, deixando tanto de ti no meu corpo, pedaços de solidão, silêncio e vazio, preenchidos agora pelo sorriso que me ofereceste no primeiro dia em que te vi.
 Terei sido eu quem te roubou e abandonou, terá sido ela que te iludiu e manipulou? Não sei, assim como não sei se algum dia fomos dignos do teu nome, da tua presença em nós.

quinta-feira, julho 21

Perco-me contigo

 Perco-me contigo, num mundo só nosso, por caminhos que conhecemos e tentamos descobrir a cada instante.
 Os meus braços que se deixam levar pela tua imaginação, que soltos navegam pelos sonhos teus e meus, percorrendo cada recanto do imaginário perdido no tempo. Por entre palavras silenciosas, nunca ditas, faço do  meu corpo som e cor, que outrora foi porto de abrigo, ancora do ser de alguém.
 Em banalidades tão complexas para eles, te encontro. Jamais saberão o significado das palavras que me dizes, que partilhas comigo, no silêncio do tempo. No entanto, para mim, não são mais do que caricias, que me levam para longe daqui, para longe do corpo que é meu.
 Difícil, seria descrever o que  te quero dizer, abrir a minha mente na tua, fazer de ti a metade de mim, para que não fosse preciso dizer-te a todo o momento que gosto de me perder contigo, que me fazes bem, mesmo que o desconheças, que gosto de sorrir para ti, mesmo que não o possas ver.
 Perco-me, no teu ser, no teu emaranhar de palavras que adoro, nos teus passos de cetim, nos teus gestos soltos que me levam para longe.
 Perco-me contigo, num mundo só nosso.

sexta-feira, julho 15

O Rei

 Em tempos, sem tempo nem preocupações, houve um rei, sem castelo nem ouro, sem súbditos nem leis que pudesse reger.
 Sobre sonhos enormes construiu o seu mundo, o seu minúsculo império de fantasia. Sonhou ser rei, rei  de um mundo desconhecido, e partiu rumo a descoberta, de campos e cearas a conquistar. A sua pequena estatura seria insignificante perante o seu imenso reino!
 Por entre a vegetação alta e densa, desbravou caminho, criou trilhos e pontos onde todos pudessem saber que ali teria passado um rei, um conquistador de espada em riste. Os adversários que enfrentou, as batalhas que travou, não o feriram apenas, deram-lhe força para continuar a lutar em nome do seu sonho.
 Muitas foram as noites em que dormiu ao relento, em que a chuva o deixou encharcado e os relâmpagos com medo, mas ele sabia que tinha de ser forte, que amanhã o sol iria brilhar e que o seu destino estava traçado. Fechava os olhos com toda a sua força e tentava imaginar-se de coroa na cabeça, o seu bastão na mão e na sua frente uma multidão venerando-o.
 Os primeiros raios de luz secavam-lhe o corpo, pequeno e magro, cobriam o horizonte com uma neblina capaz de o submergir no silêncio dos seus inimigos. Em passadas largas e apressadas ele seguia o seu objectivo. Não tinha tempo a perder, pois não sabia quando as suas forças o iriam atraiçoar.
 O enorme lago, o seu maior desafio, teria de ser ultrapassado. Talvez com uma jangada o conseguisse atravessar, talvez contornando-o, mas o tempo, esse terrível tempo que não parava para ele. De mangas arregaçadas, caminha floresta dentro, colhendo cada tronco que o suportaria na sua longa jornada.
 Por entre cantigas, enroladas num assobiar cansado, depara-se com o seu maior inimigo. Mesmo ali a sua frente, a enorme cobra prateada, de olhos vidrados e encarnados, de dentes afiados. Nunca o seu corpo se sentiu tão diminuto como naquele momento, seria capaz de se esconder em qualquer cantinho sem que o vissem. A fuga seria o mais sensato, pensou ele, pois perante o tamanho do seu adversário as hipóteses seriam poucas, mas nem este pensamento realista o fez desistir do seu sonho. Desembainhou a sua espada, erguendo-a ao céu, mostrando ao monstro que estaria pronto para lutar, para morrer pelo seu sonho.
 Por entre gritos de dor, ramos partidos e folhagens remexidas, o pequeno herói vence o temível monstro, agora estendido no chão, de olhos fechados e coberto de sangue.
 Sem folgo, sentou-se numa pedra virada para o lago, olhou a imensidão de água e viu ali perto a sua imagem reflectida. De orelhas erguidas, focinho bicudo e dois dentinhos de fora, o pequeno rato sentiu que o  seu destino estava traçado, ser Rei.

terça-feira, julho 12

Encontro-me

 Desperto sigo pela vida, conhecedor do caminho percorrido, incerto do futuro que me espera.
 Sem medo do sentimento que me acompanha, que me embala nas passadas lentas, me aconchega nas noites frias que me chegam do Norte, como uma brisa cortante. A beleza da paisagem, dos seres que por mim passam, de onde bebo as suas melhores qualidades, onde refresco a minha alma repleta de ti.
 Não tenho a tua coragem, a tua valentia, mas tenho-me a mim, a minha liberdade, a minha solidão, fazendo-me percorrer os prados verdejantes do Outono, que não existem, que não conheces ou não partilhamos. A água da lagoa que parou por nós, para nos ver, para não interromper o nosso silêncio agitado, hoje move-se ao sabor do vento, o mesmo vento que me beija a pele sem me tocar.

Foi um silenciar.
Um mundo algures sentido
Perdeu o seu ritmo,
E o olhar que tinha vestido
O amor despiu.

Acreditou no sorriso
E no coração destemido.
Hoje adormece com a sombra
Do desamor que o atraiçoa.



Texto escrito com a colaboração da Mafalda, autora do blog Não te consigo inventar.

domingo, julho 10

Asas de um anjo

 Hoje vi-te, linda, perfeita, vestida de branco, como um anjo, sem asas, apenas com o teu jeito de ser.
 Caramba, estou em frente ao pc a tentar escrever algo, mas, sinceramente, não consigo encontrar as palavras, não consigo descrever o que me vai na alma. Se em outros textos era, relativamente, fácil criar uma personagem e descrevê-la, hoje, com a personagem diante dos meus olhos, perco-me na tua beleza, na tua pessoa, na tua liberdade.
 Nem o frio da noite me tocou o corpo, senti-me um estranho ali, perante ti. Aquilo que julgava impossível, tocou-me muito mais forte do que possas imaginar. Nunca pensei voltar a encontrar-te e sentir o teu frio invadir-me o corpo e a alma, como se fossem teus, como se pudesses fazer deles o que bem te apetece.
 Voltei a sentir-me capaz de conquistar o mundo, mesmo sem coração a bater por mim, mesmo sem a alma a pertencer-me. Tal como outrora, entregaria-te tudo o que tenho e rumaria para o desconhecido de ti, para te encontrar, para te pertencer.
Gostava de te dizer como me sinto, com a clareza e certeza que mereces, mas nem eu sei onde me encontro no meio dos meus sentimentos. Talvez perdido, desorientado, naufrago de mim mesmo, sem saber o que sou ou onde pertenço. Era criança e gostava de poder controlar o tempo, esse malvado de olhos cerrados, com cara de mau que me assustava e atormentava sempre que passava por mim sem eu dar por ele. Hoje, volto a ser essa criança, mais crescido, mais conhecedor do mal que me pode fazer, e continuo a querer controlar o tempo. Parar, recuar e recomeçar. Continuar o sonho que ainda dói, adormecer junto a ti, sabendo que amanhã irei acordar sem a pressa de voltar a sonhar, pois tu estarás lá.
 Um dia irei acordar, e irei ver que a pessoa que hoje vi não estará lá para mim.
 Mesmo sem asas de anjo, voaste para longe de mim.
 Desculpa-me.

terça-feira, julho 5

Oceano de lágrimas

 Impossível de controlar, de te prender no teu leito normal, rolando sobre a face fria e adormecida do mundo.
 No escuro da noite, tu apareces, lenta e solta, como o vento que trás a neblina, alheia ao teu destino, ao teu fim. Queres apenas molhar o corpo, marcar a alma de uma tristeza sombria, relembrar que, tantas outras vezes, foste a minha única companhia, o meu porto sem abrigo, a minha maré revolta de mim mesmo.
 E eu, deixo-te correr, sem me preocupar que te vejam, que te toquem, que manches uma vez mais o meu ser perdido. O teu caminho pelo meu rosto, conheço-o bem. A pele moldou-se a ti, criou o seu próprio regato por onde segues livremente, sem pedires autorização para invadires, sem te sentires estranha em mim.
 A fonte que encontras, colorindo-te de um castanho escuro e doce, de sentimentos vazios. Se ao menos fosses fiel ao teu nascer, à tua grandeza, poderias desbravar caminho por mundos que jamais conhecerás.
 Um dia tentei saborear-te, na esperança que algo de bom me trouxesses, talvez a memória dos lábios meus, talvez o perfume que me acompanhou, lado a lado, mas nada disso me deste. Amarga, salgada como o oceano, fria como o inverno onde morri, assim te encontrei, assim me perdi para ti.
 Não me importo de ti, não quero saber o mal que me podes provocar, pois sei que serás feliz no teu final, no teu oceano de lágrimas.

domingo, julho 3

Ainda dói

 A alma marcada por ti, ferida aberta que custa a sarar.
 Anda dói o teu ultimo beijo, dado com amor e carinho, sincero, desejado como o ar para respirar. Consigo sentir os teus lábios nos meus, as tuas mãos no meu corpo que é teu. O teu olhar de encanto, que me prendia em ti, que me levava para o nosso mundinho.
 Ainda dói o teu sentimento, amor profundo sentido nos corações inocentes de quem ama. Porta aberta para esse limbo de sonho, esquecido pelos mortais, refugio encontrado por nós, onde te encontrava e tu me vias.
 Anda dói lembrar-te, saber de ti, sentir a tua presença tão perto, e ao mesmo tempo tão longe, de mim.
 O sorriso que hoje dás, que partilhas com a sinceridade de outrora, não é a mim que o ofereces, não são os meus olhos que o vê, mas sinto-o, em outro lugar, em outra pessoa, e dói.
 Ainda dói sentir-te em mim.

terça-feira, junho 28

A elegância de viver

 Para alguns, considerados como seres superiores, para outros, como pessoas humildes, ou até mesmo, como esquisitos. Para mim, a elegância de viver, e quem a pratica, é apenas ser-se singular!
 Não importa os gostos, as crenças ou ideologias, ser elegante na forma como se vive é algo bem superior a tudo isto!
 Eu aprendi com alguém, em poucos dias, que há algo muito mais importante que o simples sorriso dado, é preciso saber dar esse sorriso com sinceridade, compreensão da realidade e carinho. Por vezes, damos demasiada importância a banalidades, deixando escapar o que realmente importa, o que nos pode vir a fazer felizes, e assim, desperdiçamos o nosso tempo e a nossa felicidade com a mesquinhez de outras vidas.
 O ser humano tem, por norma, o hábito de julgar as pessoas e de as rotular, no mesmo momento em que as vê pela primeira vez, e isso pode ser tão injusto quanto culpar alguém por não ser bonito aos seus olhos. A dificuldade de tentar conhecer alguém, descobrir o Ser dessa pessoa, pode ser enorme, é um facto, pois somos todos diferentes. Ter o trabalho de explorar alguém pode ser muito cansativo, mas aprendi, que vale mais julgar alguém com certezas dadas por essa pessoa, do que por ideias injustas da minha parte.
 Muito haveria a contar sobre o ser-se elegante na forma de viver, mas não me chegaria um blog inteiro de textos para que conseguisse descrever cada pormenor valioso. Vou tentar resumir a uma pequena frase então.
 A elegância de viver, é viver na felicidade partilhada por quem nos sorri com a alma!

Um muito obrigado STAR!

domingo, junho 26

Simplesmente tu

 O frio da noite, trás-me a tua memória, a tua imagem, o sorriso que não vi.
 Distante como o oceano azul na praia, onde as suas ondas começam e terminam, onde te posso tocar sem te prender. Misteriosa como o rumo do vento, levando-te ao sabor dos gostos e quereres, de olhar perdido por entre a multidão. Sorriso sincero, doce e meigo, divertido e carinhoso, que só partilhas com quem chega ao Ser em ti.
 Como alguém que vê a Lua, assim eu te vejo! Sempre lá, presente no corpo que é teu, radiante, de uma luz que não é tua, de uma vontade estranha de estar, sem outra qualquer rotina, que não essa, que tão bem conheces. Enigmática, por partilhares o que te rodeia, o que não sentes.
 De alma escondida, tapada por esse sorriso que não mostras, por esse olhar esquecido. Mas sinto-te, por breves lufadas de ar fresco, que a pessoa em ti tem muito mais. Talvez, um mundo interior, tão enorme como o oceano de distância entre tu e eu, talvez, uma semente, a precisar de terra onde se enraizar.
 Os teus olhos, planícies verdejantes, rodeando um lago azul celeste, que me transmitem a calma e paz de espírito, tantas vezes perturbadas pelo Ser que transportas. Rosto traçado a pincel, por um simples pintor, vendo em ti a fonte de felicidade da sua vida.
 Sem te tocar, conheço-te, sem te sentir, ouço o teu respirar, sem mergulhar no teu oceano, levas-me para longe Miúda.

domingo, junho 19

Memórias

 Momentos gravados, para sempre, na alma de cada Ser.
 Podemos fugir das pessoas, dos locais,  das datas que nos levam para onde não queremos, mas todos nós sabemos, que mais tarde ou mais cedo, fragmentos do passado voltam a passar diante dos nossos olhos. Como fotos que a alma não apagou, apenas escondeu num cantinho remoto, onde sabe que jamais alguém poderá tocar.
 Nestas pequenas visões, do passado, recordamos o que julgamos ter perdido, ou até mesmo que não seria possível existir em nós ainda. Geralmente, as recordações, chegam acompanhadas pelas nostalgia, pela paz de espírito de voltarmos a viver algo que nos marcou de alguma forma.
 Por mais que tentemos guardar o que de bom aconteceu e esquecer o que nos magoou, deparamos-nos com um turbilhão de sentimentos, ora felizes, ora tristes.
 É inevitável tentar fugir as nossas memórias e aos sentimentos que elas contêm. Podemos tentar esconder o que sentimos ao reviver uma memória, disfarçar e até pensar que ela não nos vai afectar, mas é na solidão e no vazio de nós mesmos que as suas marcas se revelam no nosso corpo!
 A lágrima que hoje cai, não é por ti, é pela marca que ficou, pelo sorriso que me deste, pelo beijo que partilhei em mim.
 Reviver a tua figura, o teu esplendor, a tua personalidade vincada, foi como um punhal que atravessou o coração. Sem tocar a pele, vejo-a a sangrar, sinto o frio ardente que a rasga em golpes repetidos. A vontade de arrancar esse punhal, de tirar todas as memórias tuas dentro de mim, de seguir em frente e esquecer que um dia foste o meu porto de abrigo, a minha fonte de inspiração. No entanto, o coração fala mais alto que a minha mente, e sei que foste o que de melhor me aconteceu, tocando-te ou não, sentindo-te em mim ou presenciando a tua distância, a certeza que marcaste a minha vida.
 Memórias ou simples saudades tuas? De que me adianta ter a certeza desta resposta, se não a poderei partilhar contigo?

terça-feira, junho 14

Trovador de amor

 Em tempos idos, houve nobres senhores, que espalhavam a mensagem através das suas musicas. Hoje sinto-me um trovador de sentimentos, entre eles o mais perfeito, luminoso e único, o amor.
 Para ti escrevo, tanto quanto o que sinto, da forma que me vês, simples e sincero. Em palavras banais, o meu coração é teu, dou-te o que tenho, neste mundo vazio, a sinceridade dos meus sentimentos.
 Palavras que entoam dentro de mim, mão que escreve a vontade, coração que sente o amor por ti.
 De promessas não feitas, de conversas não partilhadas, de sonhos solitários em mim, assim é feito o que resta de mim, longe de ti, longe de quem eu quero sem puder querer. A ambiguidade da vida, que nos separa, que nos une, que nos faz lutar, por ti, por mim, nunca por o nós. Poderá a realidade dilacerar o sonho, o tempo desmistificar a magia, o eu cair por terra aos teus pés, mas será a vontade de ti, de sentir o teu ser, que irá gritar aos ouvidos do mundo surdo, o quão real é o meu sonho!
 O tempo será enfermo às nossas vontades, correndo em passadas desajeitadas ao nosso lado, querendo o que não pode ter, desejando o que é nosso. Longínqua será a noite, de meus braços não sentirem o teu corpo, chegará com a frieza de inverno, enregelando o corpo, limitando o toque, a doçura, mas será a alma apaixonada impune a morte!
 A beleza das palavras nada é sem a união dos sentimentos!

domingo, junho 12

A tua felicidade

 A importância da tua felicidade é como o ar que necessito para respirar.
 Hoje, tal como em todos os meus dias, passados e presentes, sinto-me feliz por saber que estás feliz! Saber que a tua luta, a tua vontade de vencer na vida, deu o resultado que tu querias alcançar, é a definição da pessoa em ti.
 Uma guerreira, sem armas, sem escudos, sempre pronta para enfrentar e travar qualquer tipo de batalha a que te propões, apenas com o poder dos teus sonhos e objectivos, tão bem traçados e vincados em ti. Não é a dificuldade ou os obstáculos que te fazem parar, pois eles apenas te fazem ter força para mais, para lutares com mais empenho pelo que, verdadeiramente, queres!
 Eu, hoje, apenas te consigo lançar um sorriso sincero, de admiração e de orgulho, por ver que és uma pessoa fantástica, sem medo do desconhecido.
 Os teus sonhos serão para ti como uma bússola. Tu, serás a guerreira, vestida de anjo, que fará da sua vida tudo aquilo que a vontade desejar.

"Eu acredito que tudo o que fazemos tem uma consequência na nossa vida, que tudo que dás, um dia receberás de volta. Então, se sorrires para a vida... só poderás esperar que a vida te sorria..."
 Carpe Diem

quarta-feira, junho 1

Sonho contigo

 A estranha sensação de leveza e bem estar com que acordei hoje deixou-me, momentaneamente, preocupado.
 Aquele sorriso ensonado, a vontade de me espreguiçar, de me esticar todo na cama, sentindo o frio dos lençóis que o meu corpo não habitou durante a noite, a vontade de te abraçar. Mas ao meu lado, a cama vazia de ti, sem o teu calor, nem mesmo o teu cheiro.
 Paro para pensar de onde veio aquela súbita vontade de te ter ali, ao meu lado. Poderia ser a rotina da tua presença, o hábito de te ter comigo, mas nenhuma destas resposta seria verdadeira. O sonho, o sonho contigo que tive esta noite! O sonho que me levou a acordar desta maneira. Fecho os olhos, tento adormecer, novamente, e recuperar a ponta do sonho que se vai desvanecendo lentamente na minha mente.
 Lembro-me de te ver deitada, corpo nu, iluminado pela sombra do luar, olhar doce e meigo, penetrando-me a alma tocando-me o coração. Os meus lábios, saboreando o suave toque dos teus, as minhas mãos, na descoberta incessante do teu corpo de mulher. Calor ardente do teu corpo puxando o meu, no leve toque da pele sedente por mais.
 Percorri o teu corpo em beijos, fiz de cada recanto meu abrigo de caricias. Cumplicidade, de dois corpos nus, de dois seres que se confundem na sua alma, troca sentimentos que o desejo tão bem conhece. Ainda ouço o teu respirar de prazer. As tuas unhas cravadas em mim, pedaço de ser que queres levar para o limbo do êxtase.
 Agora sei o porquê desta estranha sensação, deste desejo de te querer aqui, ao meu lado. Esta noite senti-te, vivi o teu corpo no meu sonho contigo.

domingo, maio 29

Noite fugaz

 Um bocejar de suspiro, pedaço de mulher, solta e fria, presa no desejo de prazer.
 Roupas rasgadas, no chão de um qualquer quarto de hotel, a cama amarrotada por dois corpos desconhecidos, cúmplices de algo que o momento desconhece. Dois copos tombados sobre a mesa, garrafa vazia de sentimentos escondidos, uma rosa de conquista, esquecida sobre o chão.
 Corpos nus, tantas vezes entregues ao prazer, de uma noite, de um momento, repetido com a banalidade dos seres. O suor que ilumina a pele cansada, que desperta com o seu odor a chama e o desejo de mais prazer. Gemidos que ensurdecem a visão e alimentam a alma, antídoto de uma monotonia de movimentos. O saciar do corpo, consumido no breve trago da loucura.
 Quarto de desejo, perverso, isento de culpas jamais partilhadas por aqueles dois corpos. A beleza imaculada, das suas paredes brancas, dos seus quadros enormes, outrora apreciados em momentos de prazer, são agora despidos pelo calor de uma noite fugaz.
 Lá fora, a cidade dorme, a neblina cobre os passeios desertos, iluminados pela trémula luz de um candeeiro solitário. Naquele qualquer quarto de hotel, dois corpos consomem-se, não esperando partilhar uma outra qualquer noite.

quinta-feira, maio 26

Pássaro Livre

Como um pássaro preso a ti, a mim, ao sentimento.
 Fizeste de mim pássaro de sonhos e ideias, deste-me asas para voar até ti, em ti, prendendo-me no teu olhar, no teu sorriso angelical. Tomaste conta de mim, quando o vento não me deixava voar, deste-me abrigo quando a chuva me molhava as penas. Sonhos alimentados pelo desejo de ti, horizontes abertos no teu caminho que fizeste meu.
 Hoje, abres mão de mim, tiras-me as amarras, a que me habituei, onde aprendi a viver e ser feliz. Apagas-me os sonhos com a luz do Sol que me obrigas a ver, a olhar de frente, a respirar o ar puro que me agonia, que me assusta.
 Deste-me asas para poder ser livre no nosso mundo, e quando eu tento viver nele, fechas-me as portas de nós, abrindo-me o mundo lá fora.
 O medo de falhar o voo, de cair ou de não voar sem ti percorre-me o sangue, mas voarei para longe de ti tal como desejas. Talvez pouse num ramo de uma árvore vendo o mundo girar sem mim, talvez me agarre ao primeiro barco que parta do cais e vá por esse mundo fora.
 Não sei para onde ir, sei, apenas, que tenho medo das asas que me deste.

terça-feira, maio 3

Desabafos

 Hoje um amigo perguntou-me se ainda sentia alguma coisa por uma pessoa do passado, respondi-lhe sem hesitar que não, "passado é passado".
 Não foi preciso muito para ver o que me estava a correr na frente dos olhos, aquilo que o coração não esconde nem sente, apenas guarda, para em algum momento nos atravessar na nossa frente como um enorme rochedo onde é impossível escalar ou transpor de uma outra forma, e então fica-se parado, sem reacção a ver o tempo passar, a ver o que não queremos e a sentir o que já parecia ter passado.
 Se já alguma vez amei? Sim, amei com todo o significado da palavra, com tudo o que ela possa incluir, alegria, sofrimento, paixão, dor, felicidade e infelicidade, juras de amor cumpridas, outras por cumprir e outras que nunca irão conhecer a luz do dia. Por tudo isto eu passei, e de nenhuma delas me arrependo de ter vivido ou sentido.
 Se algum dia voltarei a amar? Dizem que só se ama uma vez na vida! Eu já amei uma vez, mas não sei quão verdadeira é esta afirmação. Não fecho o meu coração ao amor, mas não continuará aberto!
 De tantas juras que fiz, jurei não amar mais ninguém depois de ti. Juras de amor cumpridas, outras por cumprir e outras que não irão conhecer a luz do dia...

sábado, abril 30

Essência

Pensei conhecer a pessoa em ti.
 Não te procurei e não te cheguei a encontrar, apenas te vi atravessar o meu lento caminho. Confuso, não pela tua imagem, pelo teu jeito de ser.
 És como um vício, que me prende, me deixa atordoado, me faz levitar, me emociona por nada, faz-me sorrir da tristeza e chorar da alegria. Não estou arrependido de um dia me ter prendido a tua imagem, tenho pena de não ter descoberto a tua essência, aquela que te faz sorrir com o mesmo sorriso de quando te vi, aquela que te faz ficar com esse olhar doce e terno.
 Se soubesse onde te encontrar, a verdadeira pessoa que transportas em ti, a que não revelas, a que escondes de ti e dos outros, acredita que tudo faria para te desvendar. Como um véu, de ceda, que voa livre pela montanha, mostrando a beleza das suas rochas, dos seus recantos mais sombrios. Assim eu gostava de te encontrar, sem véu de ceda, sem medo de mostrares os teus defeitos, sem receio que eu não goste da tua beleza.
 Sei que o teu sorriso esconde o que a tua alma, muitas vezes, sente, pois um dia vi o sorriso da tua alma. Belo, transparente, sincero, feliz, louco como um pássaro na primavera. Não pedia nada, oferecendo tudo que a felicidade deseja. Não interrogava nem pedia explicações, apenas sorria, com a elegância de um ser maravilhoso!
 Fico feliz, por um dia te ter visto feliz, por te sentir feliz, mesmo estando longe de mim.
 O que mais desejo não é encontrar nem revelar a tua essência, é que, apenas tu, conheças a tua verdadeira essência e possas sorrir para ti, quando mais ninguém o fizer!


Apenas para ti Pituxa Mendes, com a elegância de um sorriso. :)

sexta-feira, abril 29

Recordações pequeninas 5

 Quem nunca teve aquele primeiro amor de escola? Aquele amor que logo ali, mal vimos a pessoa por quem o nosso coração se derreteu todo, nós juramos a nós mesmos que será para toda a vida. Amores amores amores...
 Tinha eu onze anos na altura, modesto conhecedor da vida e de todas as suas vertentes, puro ignorante!
 Aquela rapariga, de cabelos aos cachos, castanhos brilhantes, a cara ligeiramente redonda, olhos meigos e doces, sorriso feliz e inocente. Vi-a, talvez não no primeiro dia de aulas, pois a mistura de sentimentos de estar no 5º ano não me permitiu ver nada do que me rodeava, mas, certamente, no segundo dia de aulas aquela miúda não me passou despercebida!
 Recordo-me da emoção que foi quando lhe mandei o primeiro bilhete. Um simples "olá, não sei o teu nome, mas gosto de ti." foi o inicio de algo tão maravilhoso quanto possam imaginar. Um colega foi o mensageiro daquele papel, escrito com uma letra tão deprimente como a de agora, mas com palavras tão inocentes e tão verdadeiras. Enquanto ele entregava o meu pequeno tesouro, eu observava tudo de longe, com aquele brilho no olhar na esperança de ela olhar para mim, escondido a um canto.
 A troca de bilhetes e sorrisos foi uma constante durante quase todo o ano lectivo, e eu sentia-me feliz com aquela magia. As brincadeiras foram surgindo, os comentários toscos e sem jeito eram o meu forte, nunca tive grande perspicácia para falar com uma miúda olhos nos olhos, mas ela gostava de mim e eu gostava dela.
 No 3º período, e depois de umas férias da Páscoa cheias de saudades dela, finalmente ganhem coragem para lhe pedir em namoro. As minhas mãos tremiam por tudo quanto era canto, eu estava a transpirar por todos os poros, mas consegui arranjar forças para pegar, uma vez mais, na caneta e escrever as três palavras mágicas "queres namorar comigo?" numa folha em branco. A resposta seria dada nesse mesmo papel, com uma técnica que ainda hoje não percebo muito bem, escrevia-se "sim" e " não" nos cantos e a pessoa teria de dobrar a resposta que queria dar. Até aqui tudo correu bem, o meu colega mensageiro entregou-lhe o bilhete, e tinha ordens precisas para não regressar sem o mesmo bilhete, com a promessa de uma morte dolorosa se o fizesse ou se o abrisse antes de mim. Passada uma eternidade deparo-me com um dos meus momentos mais estranhos da minha vida, tinha a resposta nas minhas mãos, mas quereria abrir o bilhete e ficar a saber a resposta, ou preferiria ficar na ignorância e continuar, ao menos, a sorrir para ela nos intervalos das aulas?
 Meio contra a vontade e forçado pelo meu colega, abro aquele bocadinho de papel. "não" estava dobrado e "sim" estava a frente dos meus olhos. Será que ela quis dizer sim ou não??? Será que quis mostrar-me o "sim" como resposta ou quis esconder o "não" para que eu tivesse uma surpresa quando visse a escolha que tinha feito??? Meu Deus que angustia tão grande!! Fiquei sem saber o destino do meu futuro. Ok, tinha de ser realista! Ela pode não ter percebido o que era para fazer, pode ter-se enganado, mas nenhuma destas opções me tranquilizavam, pelo que decidi deixar andar para ver o que acontecia.
 No intervalo seguinte, fiz tudo por tudo para ser o ultimo a sair da sala de aula, assim quando chegá-se cá fora estariam os corredores cheios de pessoas e poderia correr até a rua sem ela me ver. Mas há algo que odeio, quando queremos passar despercebidos, há sempre alguma coisa que nos faz ser o centro das atenções. Aproximo-me da porta e mal ponho um pé da parte de fora, um matulão do 9º ano manda-me ao chão, e só vejo aqueles olhos meigos e doces a olharem para mim, de braços esticados querendo-me ajudar. Logo ali eu percebi que a resposta dela tinha sido um "sim" sentido, pois passada uma hora de eu a ter pedido em namoro, ela estava disposta a ajudar-me a ultrapassar os momentos difíceis da vida!
 Para além do meu fraco jeito para conversar com miúdas, também nunca fui bom a mostrar-lhes os meus sentimentos físicos, pelo que o resto do dia passou-se sem um passeio de mãos dadas, um abraço e muito menos um beijo!
 O dia seguinte foi, do meu ponto de vista, o mais arrojado de todos! Estava eu a atravessar o pátio da escola, prestes a entrar a porta, quando a vejo lá dentro à minha espera com mais três amigas dela. Rezei para que a noite não lhe tivesse feito mal e que não tivesse nenhuma atitude de que nos pudéssemos arrepender. Uma vez mais, a situação de querer passar despercebido por entre uma escola inteira que esperava pelo toque de entrada. Todos falavam e riam, mas no preciso momento em que aquela miúda abre os braços e grita "olha o meu amor", fez-se um silencio profundo naquele pátio, deixando todos a olhar para mim. Oh meu Deus, porquê a mim, porquê? Fiquei corado como um tomate, normal em mim, e desejei tanto desaparecer dali...
 Aqueles olhares todos sobre mim deixaram-me em pânico, e a única coisa que consegui fazer foi desviar-me do meu amor e ir direitinho para a porta da sala esperando que ela não fosse atrás de mim.
 Por incrível que pareça, ficou chateada comigo toda a manhã, só depois de almoço, e de uma conversa seria em que eu lhe expliquei que não a tinha visto nem ouvido é que ela voltou a sorrir para mim.
 Foi a primeira namorada que apresentei a minha mãe, quando na festa de final de ano, ela me pega pela mão e me diz, "anda apresentar-me a tua mãe"... mais do mesmo, a vergonha que não pude evitar.
 No ano seguinte ela mudou de escola e eu fiquei com a única certeza possível,
 era um tótó chapado.

domingo, abril 24

Lábios

Há algo de mágico em ti... algo que me fascina, que me prende o olhar e o desejo... esses teus lábios sedutores.
 Na forma como te ris, vejo o contorno suave dos teus lábios vermelhos com a tua pele brilhante... Nesses momentos apetece-me tanto tocar-lhes... percorre-los suavemente com os dedos, sentir a sua textura, que me parece feita de um tecido de seda... suaves, doces... Derreto-me a cada momento que olho para eles...
 Um dia, gostaria de te pedir para fechares os olhos, pegar-te nas mãos... e poder sentir os teus lábios nos meus... não como uma experiência de um qualquer cientista, apenas como um explorador, que navega o oceano vezes sem conta, sempre desejando descobrir cada vez mais esse mesmo oceano.
 Quem sabe um dia... não te possa pedir a cada instante para me deixares navegar nos teus lábios, como se fosse a primeira descoberta.

segunda-feira, abril 18

Tentei

 Se há algo de que não me podem acusar, é de não ter tentado!
 Por ti, fui o que querias de mim, percorri caminhos que não pensei serem possíveis, mostrei-te os meus sentimentos, partilhei todos os meus sorrisos, todas as minhas ideias, revelei-te quem eu sou!
 Adiantou? Nem por isso, continuo a ser sem ti, continuo pelo caminho que me resta percorrer, o caminho que conheço.
 Porém, confesso que arrisquei o que não tinha! Não tinha o conhecimento de ti, não sabia quem és, e continuarei com essa certeza, não te conheço.
 Poderia chorar, as minhas e as tuas lágrimas, aquelas que nunca revelaste, mas, em vez disso, continuo a sorrir para ti, com o sorriso da elegância, o sorriso verdadeiro que nunca te neguei!
 Este é o meu caminho, aquele que sigo e entendo, o único que sabe para onde vou! Os nossos caminhos continuaram lado a lado, até tu decidires mudar o seu rumo.
 Se um dia nos cruzarmos na vida, verás em mim o teu sorriso, o sorriso que nunca esqueci!


 Este texto não é dedicado a ninguém em especial,
apenas a ti!

quarta-feira, abril 13

Menina Bonita

Pituxa Mendes: Meu Diabo Angelical

 Hoje deixaste-me sem reacção possível ao saber das tuas palavras!
 A razão é, sem duvida, o teu ponto forte. Poderia continuar, aqui, a jogar o jogo da sedução ou do charme, a dizer tudo aquilo que não penso apenas para te provocar, mas tu preferiste arrebatar o prémio final, a minha verdade escondida.
 Sim, gosto de ti, mas do que devia talvez, despertas em mim o meu sorriso feliz, habitas a minha mente dia e noite, percorres o meu corpo no silencio dos mundos, fazes brilhar o meu olhar reflectindo toda a minha alma.
 Deixas-me louco sim, não por este jogo, mas pelo medo que tu tens de gostar de mim. Medo de arriscar, medo da mudança, medo de poderes ser feliz e revelar os teus sentimentos comigo!

Manias

 Tens a mania que és rebelde, que és crescida e que podes ser como tu queres.
 Começas um jogo que não te pertence, onde não conheces as regras nem tão pouco o teu rival. Sabes que podes sair magoada ou que podes magoar, mas mesmo assim não desistes! Preferes a luta a desviar-te e encurtar caminho, seria tão mais fácil para ti! Não arriscavas o orgulho, que vais perder, quando um dia te ouvir dizer que não vives sem mim! Chama-me convencido, acredita no que te for mais fácil, mas um jogo apenas termina quando outro começa!
 Sentes-te bem ao entrar neste jogo? Pensas que me podes levar por vencido, que um dia me irei render ao teu encanto? Sim, podes acreditar nisso, não digo que seja impossível, mas terás de te esforçar muito, para que eu desista de ti!
 Acho que nunca te disse isto, mas o teu sorriso, aquele que tu sabes que é bonito, não é apenas bonito, é lindo, mas da minha boca nunca o irás ouvir! Hás-de pensar que gosto dele, que me fascina, que daria tudo para lhe tocar e ser um motivo para a sua existência, mas serão apenas pensamentos teus, nunca terás a minha certeza!
 Tens apenas uma mania com alguma razão de ser, não gostas de mim. Eu no teu caso também não gostaria, mas, depois de gostar de ti, mudei a minha opinião em relação as manias.

terça-feira, abril 12

Mata-me com o teu veneno

 Apetece-me gritar-te aos ouvidos, dizer que estou aqui, estou farto que me ignores!
 Olha-me nos olhos e diz-me o que tens a dizer!
 Apetece-te bater-me? Bate, com toda a tua raiva, com todo o teu ódio, descarrega em mim tudo o que queiras e não queiras!!
 Pensas que me fazes desistir? Que irei andar de orelhas baixas atrás de ti? Enganas-te!!! Irei lutar de igual para igual contigo! Se me odiares eu irei odiar-te ainda mais, magoas-me e eu irei despedaçar tudo em ti!
 Cansei de te ver, de te sentir. Irritas-me profundamente!!!
 Um dia... um dia terei coragem para te dizer "mata-me com o teu veneno" para que possa, num ultimo momento, ter algo teu comigo, nem que seja o teu veneno!

quinta-feira, março 31

Apenas tu me conheces

 Confio em ti como em mim mesmo! Talvez, por tudo o que já passaste, por tudo o que já viveste, pelos caminhos que percorreste e pelo que significas para mim, me leve a dizer que és o único que realmente me conhece!
 Contigo partilhei os meus sorrisos, as minhas brincadeiras, os meus sonhos, mesmo os mais irreais, conheces todos os meus segredos, todos os meus amores, passados e presentes. Tudo isto tiveste o privilégio de viver ao meu lado.
 A tua grandeza não se fica pelos bons momentos da minha vida, foste, sem dúvida alguma, o meu porto de abrigo quando a tempestade batia forte na minha alma, quando as lágrimas me assaltavam os sonhos e desejos, inundando-me o rosto. Foste o meu único abraço na desilusão, no desespero, na dúvida de mim mesmo.
 Quando tudo parecia caminhar para longe, eu sabia que te encontraria à minha espera, de braços pequeninos, mas ao mesmo tempo gigantes, pronto para me dar aquele abraço, que durante vinte e cinco anos, quase vinte e seis, sempre reservaste para mim, apenas para mim!
 No cima dos meus pequenos vinte e cinco anos, poderia ter vergonha de ti, de te revelar ao mundo, mas tu para mim és sinónimo de orgulho!
 Nunca te dei um nome, um verdadeiro nome, desde que te conheci, pouco depois de ter nascido, sempre te tive na minha mente como algo único e mágico. As pessoas que te conhecem referem-se a ti como "o urso", mas ambos sabemos que tu és muito mais que isso.
 Não precisas de nome para fazeres parte da minha vida, basta estares à minha espera, deitado sobre a minha cama.
Um dia, das nossas vidas, irás fazer parte de uma nova vida, e espero que acompanhes, tal como tens acompanhado a minha.

terça-feira, março 22

Ilusão

 Caramba, como me fizeste feliz.
 Acho que nunca te conseguirei dizer, o quanto fui feliz na tua ilusão, na ilusão que criaste em mim. O arrependimento poderia servir, para este meu momento, mas há muito que deixei de me arrepender do que faço, apenas me serve para aprender alguma coisa com as situações.
 Não me canso de pensar nesta bela ilusão, nestes doces sentimentos, que te disse baixinho, com gestos e palavras que sempre contive, com medo de te magoar ou afastar.
 Obrigado por esta breve, leve, doce e mágica ilusão que tive de ti!

sábado, março 19

Regresso a casa


Finalmente em casa.
Sabe bem voltar a casa aos lugares que são nossos as nossas coisinhas.
Ok confesso que estava mesmo com saudades disto tudo :)
Estou estafada mas vou tomar um banho trocar de roupa e ter com as amigas. Talvez vá as compras com elas há tanto tempo que não as vejo que uma boa tarde no shopping a gastar dinheiro será o ideal para matar saudades. :)
Estou de regresso a casa!!!! :) :)

segunda-feira, março 14

Recordações pequeninas 4

 Férias da escola primária, tardes de verão abrasadoras, miúdos prontos para brincar, se fosse com água melhor ainda, e mães dispostas a pôr os filhos a dormir... ok, algo não se enquadra aqui. Dormir numa tarde de verão???
 Pois é, sofri muito com as sestas da minha mãe, que eu era obrigado a presenciar, de corpo e alma. Bem, de corpo apenas, pois a minha alma andava na rua a brincar com os outros miúdos. Deitado naquela cama, em tronco nu, de calções, o escuro do quarto e o som da ventoinha a girar de um lado pro outro, ambiente perfeito! O que eu não daria para poder andar a correr na rua, a transpirar por cada poro do meu corpo, a ficar com tonturas por causa do sol.
 Insistentemente, depois do almoço, a minha mãe proferia a minha sentença de morte, " vamos dormir a sesta! ". De pouco adiantavam as minha lágrimas, os meus berros e o ranho a escorrer pelo nariz abaixo chegando mesmo, por vezes, a roçar no lábio. Aquelas palavras seriam a lei dessa tarde, desse verão. Deitar as 2h levantar as 5h. Meu Deus, como eram longas essas horas, pareciam uma eternidade.
 Felizmente, para mim, não me encontrava sozinho naquela situação, a minha irmã dormia no quarto ao lado e o meu primo em casa dele, acredito que isto tenha sido mal de família. Eu, como mais pequenino e mais reguila, tinha de dormir com a minha mãe, para ela me poder controlar mesmo! Já a minha irmã encarava toda esta situação com um sorriso nos lábios, pois para ela a sesta durava pouco mais de cinco minutos, o tempo suficiente para a minha mãe me levar pro quarto e fechar a porta. O som da porta a fechar era o preferido da minha irmã, pois sabia que podia ir pra rua brincar sem ninguém dar conta. O meu primo partilhava da mesma sorte que ela, e era vê-los felizes e contentes a brincar, enquanto eu permanecia naquela masmorra de ventoinha ligada...
 Isto não poderia continuar assim, dois meses naquele sofrimento era tempo suficiente para eu dar em doido! Por isso, numa bela manhã,combinei com os suspeitos do costume que a nessa tarde não ficaria mais que meia-hora na cama da sesta! Era a minha palavra de Homem a falar, a minha mente de miúdo a funcionar e as consequências por medir!
 2h em ponto, as palavras de ordem " Cama, vamos dormir a sesta!", e eu ali firme, nem uma lágrima, nem um berro, nada! Muito obediente lá fui pra cama. Fechar a persiana, ligar a ventoinha, confirmar se a minha irmã estava no quarto, fechar a porto do quarto e estava a tarde programada pela minha mãe!
 Pé ente pé, muito devagarinho, consegui chegar a maçaneta da porta, agora vinha a parte difícil, teria de por em pratica todo o meu talento para a abrir sem fazer barulho. Não sei se foi do momento de medo e ansiedade que estava a viver, mas parece que demorei uma vida para abrir aquele maldita porta, que me separava da liberdade cá fora.
 Quando cheguei cá fora, junto aos meus cúmplices, as bocas abertas diziam tudo, eu era finalmente o herói que merecia ser! Consegui fugir, sem deixar rasto! Senti-me capaz de tudo naquele momento, até mesmo da maior loucura! Ao que parece, a minha irmã tinha o dom de ler a mente, e com um sorriso de orelha a orelha diz " vamos pro tanque da quinta! ". Claro que para mim isso era canja, para quem foge da prisão, ir para um tanque enorme, cheio de água fresquinha, com sombra e o som do ribeiro que passava perto como banda sonora, seria ouro sobre azul!
 Ainda hoje guardo esta imagem, água limpinha, um tanque todo em pedra que se podia ver o fundo, árvores a volta, sombrinha, o som do ribeiro, as saudades que eu tenho... os meus olhos pequeninos
encheram-se de água, tal foi o comoção de poder ser livre e ir para aquele paraíso!
 Foi uma tarde inesquecível, as brincadeiras, os saltos da borda do tanque... se a perfeição tivesse momento, seria aquele!
 5h em ponto, era suposto eu estar deitadinho na cama, ao lado da minha mãe, mas desta vez foi ela que me foi fazer companhia. De chinelo na mão, com uma cara que me meteu muito muito medo, a gritar comigo, algo que não percebi. As lágrimas, os berros, o ranho pelo nariz abaixo, desta vez a roçar mesmo os lábios, eu encostado ao canto do tanque onde a minha mãe não pudesse chegar...
 Fim de tarde trágico...

domingo, março 13

Paixão

A definição de paixão poderia ser escrita de várias maneiras, dependendo de cada pessoa e do que essa pessoa estivesse a sentir. No meu caso, seria difícil escrever, ou definir, sobre algo que me vai marcando. Por isso deixo aqui a única definição onde me revejo.
 " A paixão (do verbo latino, patior, que significa sofrer ou suportar uma situação dificil) é uma emoção de ampliação quase patológica. O acometido de paixão perde sua individualidade em função do fascínio que o outro exerce sobre ele.
 É tipicamente um sentimento doloroso e patológico, porque, via de regra, o indivíduo perde a sua individualidade, a sua identidade e o seu poder de raciocínio.  A paixão pode ultrapassar barreiras sociais, diferenças de formação, idades e géneros. A paixão completamente correspondida causa grandiosa felicidade e satisfação ao apaixonado, pelo contrário qualquer dificuldade para atingir essa plenitude pode trazer grande tristeza pois o apaixonado só se vê feliz ao conseguir o objecto de sua paixão.
 A paixão é uma patologia amorosa, um superlativo fantasioso da realidade sobre o o outro, tendo em vista que o indivíduo apaixonado se funde no outro, ou seja, perde a sua individualidade, que só é resgatada quando na presença do outro.
 Pode ser um entendido como um "vício" que debilita a mente do indivíduo pois este foca somente a pessoa amada nos seus pensamentos sendo todos os outros momentâneos e irrelevantes.
 A paixão pode ser um entendido como um "sedativo" que suscita um prazer admirativo pelos detalhes da pessoa amada. "

terça-feira, março 8

Recordações pequeninas 3

 Se, nas recordações anteriores, a minha infância foi vítima das mentes maldosas que me rodeavam, nesta minha pequena recordação, fui vítima de algo mais superior, a minha própria mente.
 Sempre tive uma grande vontade de mostrar os meus dotes na cozinha, sim, sou perito no que diz respeito a andar no ambiente dos cozinhados e afins, é algo que nasce com a pessoa. E eu orgulho-me de ter este dom que, por vezes, marca muita gente, outras porém, marca-me a mim mesmo.
 Decorria o ano de 1989, mais coisa menos coisa, teria eu uns quatro anos pelas minhas contas. Os meus pais estavam de caseiros numa quinta tipicamente antiga, com uma cozinha enorme, mas de muito aconchego!
 Numa bela noite de inverno, enquanto a chuva caía lá fora e a lareira aquecia um ambiente de pura magia naquela cozinha, eu era o rei de toda aquela maravilha. O jantar decorrera normalmente, sobre uma mesa enorme em madeira, com um banco em madeira que a alcançava em todo o seu comprimento. Depois do jantar, como seria de esperar, os mais novos iriam fazer os trabalhos da escola, o meu pai ficaria na cozinha a fazer companhia à minha mãe enquanto ela lavava a louça. Isto acontecia todas as noites, até àquela noite, àquele fatídica noite em que fiquei a conhecer os dissabores da cozinha, e da minha pequena altura!
 Aquele ambiente harmonioso, talvez me tenha levado a tomar uma atitude inconsciente. Nunca fui muito bom a reflectir sobre as consequências num ambiente como aquele, e os resultados depois nunca são os que eu espero.
 Ali estava eu, no cimo dos meus 94 centímetros de altura, de peito feito, a oferecer os meus serviços na banca de lavar à minha mãe. A risada inicial desmotivou-me muito, é um facto, pois estava perante uma demonstração clara de desvalorização das minhas capacidades ainda por descobrir, por todos os presente, até mesmo por mim. No entanto, sabia que não poderia vacilar àqueles risos inconscientes. Tal foi a minha insistência, algo em que era bom enquanto miúdo, fazer birra, que a minha mãe lá me disse que sim, mas com a ajuda dela claro.
 Ao principio até estava a gostar das minhas funções, levantar a mesa e colocar a louça na banca, mas sentia no meu interior que estava a ser completamente desaproveitado daquilo que eu sabia fazer, pensava eu que sabia fazer.
 A banca, toda ela em pedra, estava a km da minha pequenina cabeça, mal conseguia olhar para dentro dela, mas isso não seria um obstáculo para mim! Num momento em que a minha mãe virou costas, para ir fazer outra coisa qualquer, eu vi logo ali o meu momento de glória! Iria lavar a louça toda e quando ela chegá-se teria tudo num brinco, daria-me os parabéns e quem sabe, a possibilidade de no dia seguinte fazer o jantar eu sozinho!
 Como já referi, a banca encontrava-se fora do meu alcance normal, mas nada que um banquinho não ajude. Lá arrastei o enorme banco de madeira  para perto da banca, coloquei uma bata da minha mãe, que me deve ter dado umas cinco voltas ao corpo, e estava pronto para o trabalho árduo.
 Subi para o banco e aproximei-me do meu paraíso, a banca cheia de louça suja pronta a ser lavada. Contas mal feitas e o banco ficou a dois palmos da banca, teria de descer e compor o meu único aliado naquela luta. Quando estava quase a descer, ouço a minha mãe entrar na cozinha. Oh não, o meu sonho iria por água abaixo, e nem sequer tinha ainda começado. Não consegui sequer chegar perto dos pratos, nem da torneira. A angustia invadiu-me de tal maneira, dando-me forças e coragem, que eu não sabia serem possíveis em mim. A minha mãe não iria terminar este meu sonho, não antes de eu tocar nos pratos ou na água!!! Estiquei-me o máximo que conseguia e, finalmente, toquei com um dedo na torneira! Momento mágico... até o banco se ter desviado debaixo dos meus pés e eu ter caído... para debaixo da banca, onde um pote em ferro esperava ansiosamente pela minha testa pequenina...
 Mais uma marca da minha infância que gosto de recordar.

O teu olhar

 Meu Deus, como eu venero o teu olhar Sorriso de Anjo.
 Tantas vezes falei nele, tantas vezes escrevi sobre ele, mas tenho a certeza, nunca será o suficiente para o descrever, para o definir ou dizer o que ele significa para mim.
 Passo horas e horas a olhar-te nos olhos, sem nunca me veres, sem nunca me sentires como eu sou.
 Perco-me nos teus olhos, percorro sonhos e desejos que jamais revelarei ao mundo. Como um barco à deriva, em águas calmas e profundas, sem nunca ter pressa de voltar. E fico assim, com sorriso de uma criança pequenina, a dormir no seu mais belo sonho, sabendo que é intocável naquele momento.
 Minha pequenina Sorriso de Anjo, como eu desejo ter o teu olhar perto do meu, sentir-te olhar para mim e vendo quem eu realmente sou, conhecendo os meus defeitos e fraquezas, sem ter nada que te possa esconder.
 Lindo, perfeito, mágico, maravilhoso, sedutor, envolvente. Tudo isto eu encontro no teu olhar, mas apenas uma palavra me ocorre quando o vejo,
doce.

Woman

Neste dia, dedicado especialmente ao ser mais belo já alguma vez criado por Deus, seria impossível da minha parte não lhe prestar a minha sincera homenagem.
 Por vezes, ou quase sempre, nós homens, não damos o verdadeiro valor às mulheres. A dificuldade em entender o que se passa nas suas cabeças, sem sequer tentarmos fazer um esforço para perceber, leva-nos a achar a Mulher complicada, sem motivos para tanto queixume, superficial... tantas injustiças, pensadas por nós!
 Eu tento ser um pouco diferente, tento compreender e perceber a Mulher. É difícil, é certo, pois a maneira de ver o mundo é diferente da nossa, mas com algum esforço, e se conseguirmos acompanhar os seus pensamentos, a sua personalidade e o seu jeito de ser, vemos de facto a beleza desse ser!
 Não deveríamos celebrar apenas este dia como o dia da Mulher, deveríamos sim celebrar todos os dias como o Dia do Ser Perfeito. Aquele que nos atura, que nos apoia nos momentos difíceis e que, acima de tudo, nos deu a possibilidade de o podermos ver!
Um beijinho a todas as mulheres.


Musicas de uma vida

Se há algo de que me orgulho, é de ter nascido na década de 80. Na geração em que os desenhos animados e os programas na tv eram fantásticos!
Ficam aqui alguns bem memoráveis.










sexta-feira, março 4

Recordações pequeninas 2

 Há situações na vida de uma pessoa que são dignas de recordar toda a vida, contar e voltar a contar, vezes sem conta, e sempre com um sorriso nos lábios, contar, até, aos nossos descendentes, para que eles se possam orgulhar de nós... não é o caso, de todo!
 Não passava de uma tarde de verão, bastante quente, e as brincadeiras não poderiam ser ao ar livre. Por isso, decidimos, eu a minha irmã e o meu primo, brincar as casinhas, dentro de casa, claro está. As coisas até estavam a correr bem, sendo que "bem" não é a palavra certa, pois a minha irmã, como mais velha, ditava as ordens e leis a seu belo prazer.
 Meia-dúzia  de panelas e tachos de plástico, alguns talheres, um tanto ou quanto esquisitos, uns peluches e mais umas tralhas, que as pessoas de palmo e meio gostam de utilizar para brincar, mesmo que não sirvam para nada.
 Ao meio da tarde, já estava um bocadinho farto daquela brincadeira, e então, por erro grave, propus irmos brincar a outra coisa, não importava o quê, mas mais daquilo é que não. Foi, por assim dizer, o fim do mundo naquele pequeno cantinho de brincadeira. A minha irmã chateada, o meu primo fulo comigo, metem tudo numa saca e lá vão eles de malas aviadas para casa do meu primo continuar a brincadeira.
 Por magia, sim, acredito mesmo que foi magia, apareceu um pedaço de telha, perto da porta de casa dos meus pais, que logo serviu de inspiração àqueles perversos de corpo pequenino. Seria o telefone ideal que faltava na casinha deles. Sem olharem, a possíveis causas devastadoras, pegam naquela arma mortífera e colocam dentro da saca, com os outros brinquedos todos.
 Eu, como era típico em mim, fui atrás deles a choramingar, a pedir para me deixarem brincar com eles. Nesse momento já nem me importava de brincar as casinhas, afinal havia um telefone, e nunca gostei de ficar sozinho. Depois de cinco minutos, de choro, baba e ranho, a minha querida irmã lá me fez a vontade e disse as palavras mágicas: "Queres brincar? ok..." os meus olhos sorriam, a minha cara iluminara-se, mais que o próprio Sol. "Brinca sozinho!" foi a ultima coisa que me lembro de ouvir da boca dela, depois disso, vejo apenas o saco dos brinquedos a voar na minha direcção...
 Por incrível que pareça, no meio de tantos cacos de plástico, de tantos peluches... tinha de ser o telefone de telha a bater-me na cabeça... Ainda hoje, tenho a marca dessa tarde na memória, e na cabeça...
 Obrigado meus anjos.