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sábado, agosto 20

Lua sem luar

 Perdida na noite, sem canto ou recanto onde esconder suas lágrimas, perdida na noite onde tudo fica claro no escuro sem luz.
 Outrora tua, conhecedora de ti e de todos os teus medos, orgulhosa de todos os teus defeitos, hoje partiu, deixando a tua alma na companhia do corpo perdido, na imensidão, na solidão do mundo repleto de gente. Escondida por entre os sonhos de outros que a desejam, por entre a magia de um dia feio, que o inverno trouxe do norte ao sabor do vento gelado de morte sem sorte, sem azar que pudesse alegrar o seu final trágico e desejado.
 Abandonada a nascença de um ser moribundo, renegado do fundo do ser de alguém, de entranhas escuras e sombrias, tão claras como o sangue que pensou correr-lhe nas veias inexistentes. Brindou a sorte do abandono, desejando não ser esse ser sem ser, felicitando a sorte que nunca teve, mesmo na nascença.
 Hoje, conheces o caminho que não mais verás, irás pela aventura de não saberes onde ou quando, quem ou se, serás apenas tu e os teus medos, os teus defeitos e a tua solidão perdida na noite.
 Sem lua ou luar, para amar, encontrarás o brilho da luz no teu doce beijar do mar.

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