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sexta-feira, dezembro 20

Como uma árvore

 Seguindo as margens de um rio, percorro o trilho que os nossos corações tantas vezes desejaram, revivo momentos que outrora foram as nossas ilusões.
 Deixei o destino levar os nossos sonhos para um lugar distante de nós, escrevi a nossa história numa árvore para que nunca fosse apagada, selei-a com um beijo suave de quem parte. Ao som do vento que essa árvore me trouxe, todos os dias, cresci e aprendi a amar, mudei a cada folha que foi caindo, parte de mim se ia apagando e rejuvenescendo.
 No leito do rio encontrei a imagem de ti, reflectida tantas vezes, tantas quanta a vontade que tinha de te ter ao meu lado nesse instante. Da sua água saboreei o encanto e ternura que a vida me fez chegar de ti, enregelei as minhas mãos tentado prender-te em mim.
 Hoje, olho a mesma árvore, passados quarenta anos, e revejo a nossa história, a profundidade das palavras que lhe escrevi, as mudanças que o tempo lhe causou. Olho-te nos olhos e com uma caricia no teu rosto, envelhecido, peço-te que continues a ser a minha árvore.