Páginas

domingo, dezembro 11

Folha em branco

  Esta folha em branco que me enche o corpo de angustia, que me pede para escrever, tantas vezes deixada ao abandono por não saber o que nela escrever.
 Agora que pego nela não sei que lhe fazer, rabisco-a na tentativa de encontrar forma de a ocupar, tentando ultrapassar a dor de a voltar a magoar com palavras que sinto e sei serem pesadas de mais para algo tão frágil. Numa foto tua, procuro a inspiração que a alma entorpecida perdeu, entre sonhos, sorrisos escondidos do mundo, e uma dor que ninguém merece sentir. Mas esse teu rosto, já não me inspira como outrora, já não sustenta este meu vicio de ti, faz-me querer-te aqui, implora que corra para ti, estejas onde estiveres, mata-me com o toque suave de um beijo teu.
 Sinto-me a divagar por entre as palavras, por entre as recordações de ti, levado ao limbo, por esta imagem tua. A ternura e o carinho que transportas em ti, a beleza única e singela que o teu rosto possui, a perfeição dos teus lábios rosados, o teu ar de menina que me torna num ser minúsculo, deixando-me uma vontade enorme de me ajoelhar aos teus pés implorando um pouquinho de atenção, como se isso fosse a salvação de todo um mundo, de um universo, talvez o meu, certamente o meu.
 Não me canso de olhar o teu olhar, de o sonhar, sentir ou desejar provar a sua cor castanha cor de mel. Quantas noites mais o meu pensar irá para junto de ti, deixando-me nesta solidão? Quantas mortes o corpo terá de sofrer para que a alma viva em ti?
 Nesta, ou em outra qualquer folha em branco, o meu destino serás tu, o meu ser estará presente em cada palavra, em cada sentimento, retratado com a doçura que tu mereces Sorriso de Anjo.