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quarta-feira, março 27

Mudança

 Uma simples folha em branco, prestes a ser preenchida, com letras e palavras que a mente inventa e mente, tentando tornar real o pensamento de uma mudança mais profunda que os simples gestos de escrever para mudar a folha em branco.
 Talvez a vida seja apenas uma folha em branco pronta a ser escrita, já escrita com gatafunhos e rabiscos, com imagens coloridas, pintadas a mão por pessoas que nela passaram. Mudar, a folha em branco do dia de hoje, implicaria virar uma nova página, arranjar espaço para que esta mesma folha não se misture com as passadas nem se confunda com nenhum outro rabisco já rabiscado. Porém, ao dar lugar, ou espaço, a uma nova folha arriscamos a que as anteriores fiquem esquecidas no tempo, que não passem de memórias se alguma vez as formos lá ver, mas a mudança começa por aqui, por tentar colorir uma página, por tentar colocar na folha em branco meia dúzia de palavras que o pensamento vai tentando transmitir na ponta de uma caneta suspensa por uma mão firme e um coração trémulo.
 Qual o maior medo de uma mudança se não mesmo a própria mudança? Aquela que implica transferir pensamentos e sonhos para o real da vida, tentar não ter medo de arriscar o perder o pouco ou nada que se tem, mas que lá no fundo nos serve como suporte, mesmo que fugaz, para uma vida repleta de ilusões que nos bastam para que amanhã a mudança seja o seguimento do dia de hoje e não um dia diferente do de ontem.
 Mudança, palavra utilizada e banalizada para se dizer em qualquer situação, mas saber aplicar a mudança a uma vida repleta de vazio, onde apenas o sonho pode reinar em noites escuras e sombrias, seria uma tarefa penosamente dolorosa para ser vivida a sós.

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