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segunda-feira, agosto 23

Atlântida

Vejo-te como alguém vindo do mar. Esse mar trouxe-te e levou-te com uma só onda! Essa onda apanhou-me distraído no meu acolhedor areal e ensinou-me a nadar. Agora que a onda em que te encontras voltou ao alto mar eu continuo a querer continuar boiar, mas é complicado fazê-lo no agora seco, sujo, frio e áspero areal que um dia já foi meu, que um dia já foi belo, que durante toda a minha existência foi o meu manto protector. Hoje sinto-me um estranho no meu próprio areal. Aprendi a gostar do mar que antes era rebelde e cruel à luz dos meus olhos, para hoje ser sereno e acolhedor. Chama por mim. Consigo ouvi-lo, pelo rebentar das suas ondas. Consigo vê-lo pelas coreografias que essas ondas formam,qual bailado russo, mãos acenando com saudade para alguém com quem anseiam estar. Hoje o mar fascina-me, o mar onde te encontras, o teu mar...
  Quero voltar a nadar mas ao por o pé na água tenho medo de me atirar. Medo de me molhar. E se a água fria á qual não estou habituado me vem cortar de frio o corpo ardente que habito? E se o teu mar eu não conseguir respirar?
 Vivemos em ambientes diferentes. É sempre difícil mudar, sobretudo se forem mudanças rápidas e radicais, misteriosas e, por ventura, arriscadas. Compreendo perfeitamente a tua escolha minha princesa, não esperava outra coisa de ti. Vai em frente, segue o teu destino e lembra-te que fizeste o que achas que devias fazer...
  Estou feliz por ter tido o prazer de partilhar a tua doce companhia. É como te disse antes: - Continuo encantado contigo...
  Mas lembra-te de uma coisa: em todo o areal existe um rio ou um lago... onde nadar; em todo o mar existe uma ilha ou uma Atlântida... onde respirar.

domingo, agosto 22

Memória

Vai haver um dia em que os rios deixaram de correr para o Mar... o azul do céu deixará de ser celestial... o calor amarelo do Sol deixará de brilhar na manhã calma e sossegada de verão... tu deixarás de respirar aquilo que eu sou.
  Haverá um dia em que tudo deixará de existir ou ter significado...
  Haverá um dia que poderá ser distante como a vida entre duas pessoas apaixonadas, ou poderá ser um dia num futuro próximo...
  Contudo, esse dia chegará, e com ele trará a memória de um rio que corria para o Mar sobe um céu azul celestial repleto de um calor amarelo... trará a memória daquilo que tu respiravas de mim... dos tempos em que tudo existia e tudo tinha um significado.
  Se esse dia for penosamente próximo e deixes de respirar em mim... só uma coisa me faria descansar em paz... saber que guardavas, em ti, cada momento meu e cada momento nosso, no teu coração e na tua memória como se fossem vividos á instantes e para sempre fossem recordados... pequenas pérolas que te deixo na nossa, sempre, curta vida.

Um sentimento dificil de explicar


Apetece-me correr... soltar um grito capaz de me arrancar esta sensação que trago no peito... um grito apaziguado por cada vez que digo “amo-te”, por cada vez que te vejo... Da-me vontade de correr até ti, de parar á tua frente apenas para te olhar nos olhos. Quando estou contigo sinto que a vida não deveria continuar mais... ficaríamos ali imortalizados a viver o presente... mas ao beijar-te... tenho a plena certeza de que daqui a cem anos gostaria de estar a repetir o beijo como se do primeiro se tratasse. Os teus beijos... a pele macia dos teus lábios... a textura da tua língua molhada... o desejo que a tua boca me transmite através do beijo... nesses momentos apetece-me e seria capaz de tudo.. e de nada. Da-me vontade de te beijar tanto tanto... de arrancar o meu coração, ajoelhar-me aos teus pés e entrega-lo como sendo tudo que tenho e tudo que gostaria de partilhar contigo... da-me vontade de pegar em ti e levar-te para bem longe de tudo... mas ao mesmo tempo... sinto-me fraco para fazer seja o que for face a um beijo maravilhoso que me leva ao limbo... Estar longe de ti é como não ter nada... viver a sonhar... dar comigo a pensar em ti...
  Durante anos cientistas e curiosos tentaram descobrir um sentimento que desse sentido a isto tudo... descobriram o Amor... ainda hoje há quem continue a tentar saber mais sobre esse sentimento maravilhoso. Eu... enquanto não descobrirem algo que expresse melhor esta mistura de sentimentos continuarei a dizer que te amo, cada dia mais! Contudo acredito que um dia bastará um olhar, rodeado de rugas, para que tu saibas exactamente o que eu sinto por ti, e aí conseguiremos chegar a algo que expresse exactamente o que sentimos um pelo outro mesmo sem usar as palavras.

Devora-me

Foi o teu olhar que me agarrou mal te vi... os teus olhos cor de mel penetraram-me na alma tocando-me onde mais ninguém tinha tocado.
  O teu rosto delicado de traços suaves, que tantas vezes eu fico a olhar esperando que não seja apenas um sonho ou uma imaginação da perfeição, criada por mim, na tentativa de justificar aquilo que me está a crescer dentro do peito sempre que a tua ausência se faz sentir em mim.
  Dia após dia mantenho-me acordado esperando que a porta do quarto se abra, e veja no escuro a forma da tua silhueta caminhando na minha direcção, até que a noite profunda, o cansaço e o sono me vencem, e os meus sonhos transformam-se no meu único mundo, na minha única realidade onde eu te posso ter só para mim.
  Amanhã será outro dia, desejo tanto voltar a ver-te... poder sentir o cheiro do teu corpo, o calor dos teus lábios, a tua respiração no meu pescoço... o teu cabelo suave percorrendo o meu peito...
  Mais um dia de sem te ver... vou desistir de esperar por ti... tenho resumindo a minha vida a uma espera por alguém, e isso não me está a fazer bem... dou comigo a pensar em ti, a imaginar-te junto a mim... chego a ter saudades do que ainda não vivemos.
A tua presença curta na minha vida foi o suficiente para a marcar... não vou esquecer o teu olhar cor de mel, o teu perfume, o teu sorriso... a tua vontade de viver, o teu desejo de prazer...
  Gostava de te ver apenas mais uma vez e poder dizer-te o que nunca te disse...
  "Devora-me como se fosse a primeira vez."