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quinta-feira, novembro 3

Café pra dois

 O teu café arrefeceu, tal como a tua companhia ausente.
 Não me lembro de ter chegado, talvez estivesse uma tarde agradável de Verão, ou uma tarde soalheira de Outono, não me lembro da chuva de Inverno, mas pelo sorriso e carinho que me acompanharam, talvez estivéssemos na Primavera, não me lembro, simplesmente, a esta distância parece que foi ontem que aqui cheguei.
 A esplanada é perfeita, tem uma vista sobre o mar, uma sombra agradável e, se fecharmos os olhos, somos só nós, o oceano e aquela suave brisa com cheirinho a praia. O chão em madeira tem uma ou outra tábua levantada, tem cuidado ao caminhar, e eu sei que chegarás com esse teu sorriso a olhar para mim sem veres onde pões os pés.
 Já olhei o relógio vezes sem conta, a tarde esfuma-se por entre os raios de sol e nem sinal de ti, espero que esteja tudo bem contigo. Não sabia muito bem o que pedir, por isso pedi café para os dois, sei que gostas do café daqui, disseste-me tu no dia em que te convidei. Esse dia, esse terrível dia, como eu tremia para ganhar coragem em te convidar para um café. Neste momento, posso dizer que foi dos dias mais estranhos que já tive, uma luta interior entre a vontade de te convidar e o medo de recusares, mas com muita sorte minha ouvi um sim sorridente vindo de ti.
 Hoje, espero por ti, aqui nesta mesa de esplanada, deserta de ti e de mim, pois trazes contigo a pessoa que sou, que apenas a reencontrarei no momento em que chegares.
 O teu café arrefeceu minha querida, quando chegares peço outro.

1 comentário:

  1. "Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem connosco. (...)
    AS coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora..."
    Fernando Pessoa

    Xi

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