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quinta-feira, fevereiro 17

Recordações pequeninas

Se na minha ultima intervenção falei de uma banda que me acompanhou e proporcionou muitos bons momentos em criança, era inevitável não passar o tempo até agora a recordar pequenos momentos que vivi nesse tempo tão longínquo e tão presente em mim.
 Uma das recordações que mais me fez rir foi a de uma bela tarde de domingo com um sol radiante, pássaros a cantar, borboletas a beijar as flores... adiante... estava eu entretido a ver televisão quando a minha irmã e a minha vizinha, ambas mais velhas que eu, me foram chamar para brincar com elas... logo aí eu estranhei, mas também como não tinha nada para fazer e provavelmente o que estaria a ver na tv seria um filme com legendas e como não sabia ler ainda... lá fui eu todo contente. A primeira coisa que quis saber foi ao que iríamos brincar, afinal queria estar preparado para o inédito de brincar com elas, não queria dar parte de fraco ou fazer figura tosca, podendo assim abrir portas para um próximo convite... A resposta que obtive foi um simples sorriso e o tema da brincadeira "As profissões"... bem, todo eu era entusiasmo!!! pela primeira vez iria ser o bombeiro que sonhava ser, iria poder salvar a minha vizinha por quem tinha uma paixão de louvar aos céus... tudo parecia ser perfeito na minha cabeça, tudo bem planeado, as deixas todas bem estudadas, perfeito!!!
 Lá fomos nós para casa da minha vizinha brincar para o jardim... quando chegamos já eu me preparava para a segurar nos braços e lhe dizer que estaria ali para a proteger quando ela e a minha irmã me informam da única regra da brincadeira... "começam os mais velhos e depois os mais novos"... despedaçaram o meu pequeno coração pronto para mostrar toda a minha paixão àquela rapariga que tanto me fazia sonhar, mas em mim havia ainda a esperança de que a tarde fosse longa o suficiente para eu mostrar os meus dotes como bombeiro.
 É certo que num primeiro instante não me preocupei muito com as profissões que elas quereriam ter, pois para mim, miúda que é miúda quer ser professora ou educadora de infância... nada de mais, apenas uns minutos a fazer de conta que elas davam aulas e eu a fazer de conta que estudava... mas como que por magia aparece uma tesoura no meio daquele jardim empunhada pela minha vizinha... "eu quero ser cabeleireira!" disse ela com um sorriso quase maléfico de olhar semicerrado na minha direcção...  "oh raios, isto não vai acabar bem..." pensei eu enquanto tentava fugir da sua mira... era escusado, já a minha irmã me tinha sentado numa cadeira e colocado uma toalha a volta do pescoço... como eu desejei que ela me tivesse sufocado nesse momento...
 A brincadeira acabou poucos minutos depois, que me pareceram eternos, com um simples resultado... eu tinha servido de cobaia, a minha linda franja estava agora em cima de uma toalha e as lágrimas corriam-me pela cara enquanto elas tentavam remediar o estrago com medo da reacção das nossas mães...

4 comentários:

  1. Quantas brincadeiras nos ficam de recordação do nosso tempo de criança! Foram anos fantástico, aqueles que vivi. Os amigos de infância são um sorriso constante.
    Sorri quando li o teu texto, Livre Solitário!

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  2. E como tu ficas-te tão bonitinho...Portaste-te muito bem!!!!!!!!! ;)

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  3. Inevitavelmente...desatei a rir,como tu te foste lembrar disto.Velhos tempos,boas recordaçoes sem duvida,tempos em que tudo servia para brincar,ate um simples telefone feito de telha(tu lenbras-te bem dele).
    Verdade seja dita,tivemos uma infancia muito feliz.
    Ja agora o corte de cabelo ficava-te um espectaculo.

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  4. Sim, ainda me lembro perfeitamente do telefone de telha, aliás, lembro-me disso sempre que me olho ao espelho... obrigado por esta marca na minha vida.

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